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Análise: Jydge (Multi) — impor a lei não é uma tarefa fácil

Título traz mecânicas variadas de gameplay, mas emperra em barreiras de progressão e pouco conteúdo.

Jydge é o mais recente jogo lançado pela desenvolvedora 10Tons que também é responsável por Neon Chrome, o que explica muito da semelhança entre os dois títulos — que se passam no mesmo universo, diga-se de passagem. Neste título aqui, contudo, jogamos do lado da lei, com um Jydge, um soldado que julga e executa as penas na hora. Se você pensou no personagem Judge Dredd, o conceito é exatamente o mesmo. Mas o cabelo/capacete do Jydge é bem mais maneiro.





A jogabilidade lembra o próprio Neon Chrome, uma visão superior onde temos que invadir e matar todos os inimigos. Alguns poderiam comparar com Hotline Miami, mas Jydge não é tão alucinado nesse sentido. Separado no sistema de missões curtas, cada uma tem três objetivos, dos quais geralmente somente um é necessário para concluir a fase. Porém, só terminar as fases não é o suficiente, pois o sistema de progressão é um tanto quanto problemático, na minha visão.

Cada objetivo ganho te concede uma medalha. Ao terminar uma fase no normal, ela abre o modo extremo, que consiste no mesmo cenário mas traz outros três objetivos distintos. Assim, cada fase pode dar no máximo seis medalhas. Geralmente, a cada objetivo conquistado, você destrava uma habilidade — falo mais delas adiante — e as fases são liberadas conforme sua progressão. Assim, sempre você terá algo novo para testar ou mudar em seu modo de jogo. Esse ritmo, contudo, é quebrado fortemente para os dois últimos Atos, que exigem um número de medalhas muito maior em proporção ao que era pedido até então.

Vamos fazer um cálculo: nos dois primeiros atos você tem a disposição 60 medalhas em 10 fases, Para abrir a primeira fase do terceiro ato são necessárias 52. Para a primeira fase do quarto Ato você precisa de 90 medalhas de um total de 94 disponíveis até aquele momento. E isso é um problema grande de design quando observamos que Jydge é um jogo que carrega um bom nível de dificuldade e que foi feito pensando no processo de tentativa e erro das fases até a perfeição. Ao menos não é necessário completar todos os objetivos em uma única tacada. Desta forma, você pode voltar para a fase com diferentes equipamentos e completar cada um separadamente.


O problema ao meu ver é que as velocidades de progressão de equipamentos e de liberação de fases são muito diferentes. O jogo em si não tem muito conteúdo, apenas 18 fases e acredito que isso foi feito para dar uma longevidade maior ao game. Mas no final isso acabou se tornando uma barreira que obriga o jogador a grindar o máximo possível para avançar. Essa repetição, que deveria ser algo estimulante, acaba sendo uma perseguição pelo melhor desempenho e se torna chata, afinal ou é isso ou nada. Você precisa de mais medalhas para liberar mais equipamentos, mas para conquistar essas medalhas precisaria de melhores equipamentos, que só virão com mais medalhas e assim vai. Talvez se Jydge tivesse um “Ato” a mais, essa equação seria melhor equilibrada, consertando esse desbalanceamento de progressão.

Jogar as fases em si é divertido, os comandos são precisos (tanto controle quanto teclado/mouse) e os recursos que você tem disponível são inúmeros. São diversas opções de tiro, de aprimoramentos para a arma e para sua armadura que, no geral, podem abrir variações e combinações interessantes de jogo. Esse sistema, ao contrário da progressão de fases, funciona bem, pois você sempre está ganhando algo novo e com isso novos combos de equipamentos podem ser feitos. É uma pena que existam poucas fases para poder usar todo esse arsenal.

Para encerrar, você deve ter notado que mal falei de história. Isso porque, apesar de existir uma, ela, quando aparece, é bem rasa. Saber que você é um juiz que executa os bandidos já é o suficiente.


Aqui é a lei

O principal destaque de Jydge é seu sistema de personalização, aberto a várias combinações permitindo bastante liberdade ao jogador. As fases em si são desafiadoras, na maior parte das vezes na medida certa. Contudo, o sistema de progressão baseado na conquista de objetivos é um tanto quanto quebrado, o que pode te forçar a repetir fases diversas vezes até conseguir o necessário para avançar na campanha. Um rebalanceamento nesse aspecto ou mesmo a adição de mais um ato, como mencionei acima, poderia amenizar ou resolver esse empecilho. Se você é alguém que gosta de investir em jogos para tirar 100% do que ele tem, e não vê problemas em repetir missões várias e várias vezes, Jydge pode ser uma boa opção. Agora se você procura algo mais casual, só de “passar fase”, melhor procurar outro título no mercado.

Prós

  • Grande variedade de habilidades;
  • Fases curtas e diretas;
  • Premiação com novas habilidades constante durante o jogo (desde que você consiga as medalhas).

Contras

  • Progressão de fases desbalanceada;
  • Exige muitas repetições de fases;
  • Poucas fases.

Jydge — PS4/XBO/PC/Switch — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Ana Krishna Peixoto


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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