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Análise: F1 2016 (Multi) é a experiência definitiva dentro do cockpit

Título melhora em relação a seus antecessores e consegue simular, quase que perfeitamente, o universo da Fórmula 1.


Estar no controle de um carro de Fórmula 1 e sentir na pele a emoção de ultrapassar os 300 Km/h é experiência restrita a poucos. Neste ano, por exemplo, o grid da nobre categoria do automobilismo mundial é composto por 22 pilotos, ou seja, somente os melhores esportistas recebem a oportunidade de assumir o controle das potentes máquinas. Entretanto, graças ao estúdio Codemasters, os donos de um PlayStation 4, Xbox One ou PC agora também têm a chance de entrar para o seleto time com a chegada de F1 2016, o mais recente capítulo da franquia de corrida que surpreende por seu realismo.


Nesta temporada, os desenvolvedores repetiram a receita que deu certo em 2015 e programaram o lançamento para o meio do ano. Anteriormente, o título só era disponibilizado entre outubro e dezembro. Pode parecer pouca coisa, mas a antecipação de dois meses é importante para o sucesso da produção, pois, no passado, muitos fãs optavam por não comprar o jogo devido ao campeonato real de Fórmula 1 estar próximo do fim e muitos pilotos em negociação para trocar de equipe. Já F1 2016 chega justamente no momento em que a disputa entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg está mais acirrada. A competição entre os companheiros da Mercedes faz com que a categoria desperte maior atenção dos amantes da velocidade e, consequentemente, o potencial para alavancar as vendas do jogo.

Quem adquirir o título terá em mãos um verdadeiro simulador que coloca o jogador dentro do mundo da Fórmula 1. A evolução em relação ao título do ano passado é aparente, com destaque para os controles mais precisos e o modo online, que agora possibilita reunir 22 jogadores em uma única sessão. Outro ponto de destaque é a melhora no nível de competição da inteligência artificial, que nos jogos anteriores podia enlouquecer e atirar o carro para cima do seu. Esse problema não acontece mais e o comportamento dos rivais no modo offline está extremamente similar ao que acontece nas pistas de verdade.


Acelerando fundo

F1 2016 disponibiliza diferentes modos que não deixarão o jogador tirar o pé do acelerador tão cedo. A melhor maneira de começar a experiência é através das corridas livres, que permitem escolher qualquer um dos 21 circuitos que fazem parte do calendário de provas deste ano (Austrália, Bahrein, China, Rússia, Espanha, Mônaco, Canadá, Azerbaijão, Áustria, Inglaterra, Hungria, Alemanha, Bélgica, Itália, Cingapura, Malásia, Japão, Estados Unidos, México, Brasil e Abu Dhabi). Além de selecionar qual será o cenário da corrida, é possível personalizar toda a programação da etapa, alterando a quantidade de voltas que devem ser concluídas, condições climáticas e se serão, ou não, disputados os treinos livres e a fase classificatória.

Após se familiarizar com as pistas, o ideal é seguir para o campeonato mundial, que permite ao jogador assumir o papel de um dos pilotos reais e disputar todas as provas seguindo as regras de pontuação da F1. Outra possibilidade é iniciar o modo carreira, que possibilita a criação de seu próprio personagem com o objetivo de controlá-lo durante dez temporadas e colocá-lo entre as lendas do esporte. Além das competições offline, é possível desafiar outras pessoas de qualquer parte do planeta através de dois modos online: tentando bater os melhores tempos de cada circuito ou em corridas.

De todas as possibilidades, a que chama mais a atenção é o modo carreira. Mais do que simplesmente entrar no cockpit e acelerar, essa modalidade consegue fazer o jogador se sentir parte do circo da Fórmula 1. Após a criação do avatar, é necessário optar por qual escuderia você irá correr e escolher bem é fundamental para o seu desempenho durante as dez temporadas. Os times menores oferecem carros mais lentos, porém têm objetivos fáceis de serem alcançados, permitindo que os novatos evoluam conforme ganham experiência. Por outro lado, as montadoras ricas contam com os melhores equipamentos, mas exigem de seus atletas resultados expressivos. Essa primeira escolha não será definitiva, já que, dependendo de sua atuação, você poderá receber propostas para mudar de equipe ao longo dos anos.


Mãos no volante

Uma das grandes críticas que a franquia F1 sempre recebeu está relacionada à complexidade dos controles. A jogabilidade sensível afasta aqueles que têm pouca familiaridade com o gênero e também é capaz de não atrair a atenção daqueles que são experientes em outros títulos de corrida. No jogo deste ano, a situação se repete, entretanto a quantidade de ajudas disponíveis faz a curva de aprendizado ser menos acentuada. É possível ativar diferentes auxílios, por exemplo, criando um traçado na pista que mostra o momento ideal para diminuir a velocidade ou ativando a frenagem automática que reduz a aceleração nos pontos exatos.

Mesmo com todo o suporte, as primeiras provas sempre são traumáticas e o jogador passa mais tempo passeando na grama do que dentro da pista. Conforme a habilidade para controlar o carro vai se desenvolvendo, é possível ir aumentando também o nível de desafio. Depois de desativar todas as ajudas, o próximo passo é conseguir correr e alterar as configurações do carro ao mesmo tempo, escolhendo a mistura ideal de combustível para cada situação, analisando a potencia do motor e pedindo para sua equipe nos boxes preparar a troca dos pneus. Tudo isso, enquanto se pisa fundo no acelerador. Realmente, a vida de um piloto não é nada fácil.

Os controles de F1 2016 trazem a opção de flashback, que pode ser usada para voltar alguns segundos no tempo e evitar aquela derrapada que te fez se chocar contra o muro. Por falar em acidentes, eles são extremamente comuns nas corridas com chuva. O nível de dificuldade causado por condições climáticas adversas é elevado e desviar do traçado caindo em alguma poça d’água quase sempre significa fim de prova.


Transmissão de TV

É difícil jogar F1 2016 e não se sentir assistindo as provas pela TV durante as manhãs de domingo. Os modelos dos carros e os detalhes de todas as pistas estão muito bonitos. Entretanto, a qualidade gráfica ainda está atrás de outros jogos do gênero, como Forza. Se as imagens podem deixar a desejar em alguns momentos, o mesmo não pode ser dito do áudio. O ronco dos motores é reproduzido com perfeição e quando estamos parados nos boxes, é possível até ouvir o barulho da torcida na arquibancada ao lado. A narração está totalmente em português e, além de contar o que acontece na pista, os narradores trazem muitas informações interessantes sobre cada circuito, por exemplo, explicando o motivo que levou a primeira curva de Interlagos ficar conhecida como o “S” do Senna.

A sensação de realidade é reforçada pela presença de todas as regras que estão em vigor na temporada de 2016. Queimar a largada ou causar um acidente pode gerar uma punição que vai desde o drive through — uma passagem pelos boxes — até o acréscimo de alguns segundos no tempo final da prova. Ao realizar uma ultrapassagem cortando caminho ou extrapolando os limites da pista, logo vem um aviso pelo rádio pedindo que você devolva à posição, sob pena de desclassificação caso a determinação não seja cumprida. Apesar de ser totalmente fiel ao que ocorre nas pistas da Fórmula 1, o excesso de detalhes e regras pode confundir quem não acompanha de perto a categoria.

Lugar mais alto do pódio

Muitos pilotos que disputam a temporada de 2016 da Fórmula 1 já afirmaram que usam o título de corrida como forma de treinamento, principalmente, para conhecer os detalhes das pistas antes de cada etapa do mundial. Sendo um verdadeiro simulador da categoria, F1 2016 expõe de maneira clara todas as dificuldades e emoções de assumir o controle dos carros mais rápidos do planeta. Quem aprecia a modalidade, deve reservar um espaço na coleção para guardar esse jogo.


Prós

  • Realista experiência da Fórmula 1;
  • Modo online para 22 jogadores;
  • Inteligência artificial está mais leal do que nos jogos anteriores.

Contras

  • Controles complexos;
  • Gráficos poderiam ser melhores;
  • Regras complexas podem afastar quem não acompanha a categoria.
F1 2016 — PS4 / XBO / PC — Nota: 9.0
Plataforma utilizada para análise: PS4
Revisão: Ana Krishna Peixoto

É jornalista e obcecado por games (não necessariamente nessa ordem). Seu vício começou com uma primeira dose de Super Mario World e, desde então, não consegue mais ficar muito tempo sem se aventurar em um bom jogo. Diretor de Redação do Nintendo Blast.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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