Jogamos

Análise: Dex (Multi): Quando o universo cyberpunk encontra Matrix

Ajude uma garota misteriosa a descobrir sobre seu passado enquanto viaja por um universo cheio de clichês.

Dex (Multi) tem de tudo um pouco: um universo cyberpunk, uma protagonista misteriosa, uma rede de computadores inspirada em Matrix e muitas referências ao universo sci-fi de filmes como Blade Runner e O Vingador do Futuro.


E todas essas referências são acompanhadas de um sistema de RPG simples e eficaz, jogabilidade 2D e um mundo extenso e aberto para se explorar. Mas será que essa mistura toda deu certo ou acabou sendo atropelada na execução?

Corra, Dex, corra

Dex é a protagonista de cabelos azuis que acorda sem entender o que está acontecendo. Nesse momento sabemos que existe algum tipo de força militar atrás da garota e sua única ajuda vem de uma voz misteriosa chamada Raycast, um tipo de ser azul que parece conhecer o passado da garota e precisar dela para alguma missão tão misteriosa quanto seu passado.
Dex possui poderes cibernéticos e precisa descobrir quem realmente é.
Raycast manda Dex correr, mas não sem antes hackear o elevador que leva os seu perseguidores. Em seguida conhecemos a “internet” do jogo, na qual Dex consegue navegar livremente sem ajuda de um “Jack”, uma espécie de conexão com a rede localizada no pescoço das pessoas (quem lembrou de Matrix levanta a mão).

Desse ponto em diante novos personagens entram na trama para ajudar ou atrapalhar Dex, enquanto a garota tenta descobrir sua importância no mundo, por que diabos está sendo perseguida e como consegue acessar livremente a rede.

O mundo de Dex

O universo do jogo, além de rico e detalhado, exibe os mais diferentes tipos de locações, um dos seus grande pontos positivos. Por ser um RPG de ação, a exploração e a liberdade são essenciais para quem deseja entrar na aventura, e nesse quesito o jogo não deixa a desejar.
O bonito universo de Dex
É possível explorar uma cidade decadente, os esgotos vigiados por gangues, cais, instalações militares e outras áreas muito bem retratadas e detalhadas, cheio de personagens caricatos que passam fielmente a sensação do universo cyberpunk pretendido pelo desenvolvedor.

E por falar nos personagens, mais um ponto relevante são suas vozes, que na maioria das vezes traduzem bem suas personalidades e definem seu caráter e suas intenções com toda a trama que está rolando. Minha única queixa vai para a voz da protagonista, que acaba sendo um pouco apagada devido a atuações melhores de personagens secundários. Contudo, nada que atrapalhe a jogabilidade.

Hora do duelo

O sistema de batalhas é simples. Por se tratar de um RPG de ação, a parte agitada fica por conta das lutas. Soque, chute, desvie, soque, chute e desvie, até que a barra de energia, ou HP, do inimigo se esvazie. Com o tempo a mecânica fica repetitiva e exige poucas variações à medida que se encontram personagens armados com corrente, bastões ou armas de fogo.
Há guardas, gangues, sistemas de proteção e outros inimigos pelo caminho.
Para revidar, Dex também pode usar algumas armas, porém são limitadas e possuem munições escassas (a não ser que sejam compradas), então o negócio será partir para a pancadaria quando as opções forem poucas. Mas prepare-se para perder algum tempo batendo em personagens mais durões. Há também a possibilidade de agir sorrateiramente, indo por trás do inimigo e deixando-o desacordado.

Além de seguir a trama do jogo, é possível realizar missões secundárias, o que estende a vida útil do game. É possível ajudar pessoas doentes, alguém que precisa de algum tipo de peça eletrônica ou suprimento, entre outras atividades. É recomendado que estas missões sejam feitas, pois além de aumentar o gameplay, concedem à garota aumento de status e alguns itens especiais que podem ser vendidos por preço altos.

A pílula vermelha

Dex tem uma estranha habilidade de entrar no mundo virtual sem a necessidade de uma conexão chamada “Jack”. Enquanto está naquele mundo, a garota pode conseguir informações confidenciais de personagens chaves da trama, desabilitando defesas e outros tipos de proteções colocadas no caminho.
Hackear em Dex leva o jogo até outro gênero
As coisas na rede funcionam como um minigame de tiro. Dex se transformará em uma espécie de nave que inclusive dispara projéteis nos vírus e proteções para se defender enquanto está vulnerável. Estas missões são necessárias para avançar na trama, e podem ser acessadas através de terminais ou computadores pessoais, mas a pegadinha fica por conta de sua incapacidade de receber muitos danos, ou seja, levou um tiro é expulso na hora desse universo e uma parte de sua energia é drenada.

Também é possível se virtualizar a qualquer momento e hackear partes do cenário, como máquinas de venda, portas e outros dispositivos eletrônicos. Ao fazer isso a rede desperta suas defesas e a garota precisará se defender das ameaças em formatos de insetos que atacarão sem piedade.

Siga em frente

A ideia principal de Dex é descobrir sobre o seu passado e o que está acontecendo no mundo. À medida que avançamos conhecemos o envolvimento de grandes corporações em esquemas que envolvem criações de inteligências artificiais que saíram do controle e desejam criar um evento apocalíptico que poderá exterminar a humanidade.

Dex poderá então ser o ponto focal disso tudo e a chave principal para proteger a humanidade de um desastre iminente. Para que a missão seja completada, é possível se aprofundar cada vez mais na história através dos diálogos com outros personagens, que abrem diversas possibilidades de conversas e transmitem bastantes informações, em um sistema típico de um role playing.
Conversar ajudará Dex a descobrir mais sobre seu passado
A ambientação está bem fiel ao que foi desejado retratar. O universo do jogo parece vivo, com gráficos 2D bem detalhados e personagens bem modelados, apesar do estilo gráfico limitar um pouco as coisas. As batalhas são intuitivas mas acabam se tornando repetitivas com o tempo e a trilha sonora, apesar de contar com boas atuações de vozes, peca com músicas esquecíveis e repetitivas.

O universo do jogo retrata diversos elementos de ficção científica e de outros jogos do gênero e acaba sendo divertido perceber as referências no game. Porém essa característica pode se tornar um tiro no pé, tornando tudo meio clichê e deixando a sensação de mais do mesmo, apesar da trama começar fraca e se tornar mais interessante à medida em que se avança.
No inventário é possível gerenciar itens e evoluir os status da garota.
No fim, os mais fervorosos fãs de RPG podem amá-lo ou odiá-lo principalmente por sua baixa originalidade. Mas vale uma conferida principalmente por seu pacote trazer um bom título de RPG com sistemas eficientes de conversação e um minigame divertido de hackeamento, que deixariam as coisas mais divertidas.

Prós

  • Atmosfera cyberpunk;
  • Bons gráficos;
  • Modo hacker divertido.

Contras

  • História clichê;
  • Sistema de batalha repetitivo;
  • Trilha sonora fraca.
Dex  PlayStation 4, Xbox One e PC – Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PlayStation 4
Revisor: Vitor Tibério

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google