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Análise: Obliteracers (PC) é puro caos e diversão

Assim como tudo na vida, Obliteracers é melhor na companhia de amigos.

Obliteracers (PC) é um jogo de combate veicular e corrida de karts. Quero que isso fique bem claro, então frisarei mais uma vez: ele é, antes de tudo, um jogo de combate veicular, e somente depois um jogo de corrida. Todas as decisões tomadas no desenvolvimento do game privilegiam o combate. Não vence quem chega em primeiro lugar. Há um ponto de partida, mas não uma chegada. Em linhas gerais, vence quem destruir mais oponentes usando as armas e itens espalhados pela pista.


Mas correr não deixa de ser essencial. Lembre-se, este também é um jogo de corrida, mesmo que o combate veicular seja o foco. A diferença é que, aqui, correr não é a chave para a vitória, mas uma necessidade para sobreviver. A câmera acompanha o líder e quem fica para trás, “saindo da tela”, é eliminado da partida. Vence a corrida quem, após múltiplas partidas, atingir uma determinada pontuação. É necessário manter uma certa velocidade e acompanhar o grupo, ao mesmo tempo em que se tenta destruí-lo. Tudo pode ser resumido em uma única frase: não fique para trás e atire em tudo que se move.

Essa aparente simplicidade esconde uma grande variedade. Há várias formas de se acabar com a raça dos inimigos. Em certos modos de jogo, o objetivo é ser o último motorista na pista; em outros, ganha pontos quem se mantém na frente do grupo enquanto o resto dos corredores se mata. Certos modificadores também podem alterar completamente as regras do jogo, sendo possível dobrar o dano das armas, aumentar a velocidade dos veículos, colocar lama na pista e até fazer os carros explodirem se encostarem em outro.

O modo carreira mostra muito bem as várias combinações de pistas, modos de jogo e modificadores possíveis. Ela não é tão interessante quanto campanhas de outros jogos de corrida tradicionais (ou de kart), mas dá uma boa visão de tudo o que você pode fazer. Enquanto a primeira impressão do jogo é “hum, ele é pequeno”, ao terminar a carreira ela se transforma em “poxa, tem bastante coisa que eu posso fazer aqui”.

Mas onde você vai usar todas essas possibilidades? No modo multiplayer, é claro.

Caos em grupo

Só jogando com outras pessoas é possível ver como toda essa variedade resulta em apenas uma coisa: caos. Até 16 jogadores podem se enfrentar de uma vez só, adicionando a imprevisibilidade humana às pistas, armas, modos de jogo e modificadores. Algumas partidas online foram o suficiente para eu repensar o quão bom eu realmente era no game — o que me leva a crer que ou eu realmente não levo jeito pro gênero, ou a comunidade rapidamente atingiu um alto nível competitivo.

Tantos jogadores simultâneos se matando é divertido, mas não sem seus problemas. Por vezes, o caos chega a níveis difíceis de administrar. No meio de tantos carros e com tiros saindo para todos os lados, é normal perder o seu personagem de vista. Muitas vezes fica a sensação de que você está apenas acompanhando o grupo de maneira semiautomática, apertando o botão de atirar sempre que passa por uma arma e torcendo para acertar alguém.

Isso acaba negando um pouco do fator estratégico do jogo, o que é uma pena, principalmente devido a seu level design. As pistas são muito bem feitas, com atalhos pertinentes, ótimo posicionamento dos itens, armadilhas e infinitas oportunidades para empurrar o inimigo para fora. Mas, quando se tem 16 corredores sedentos por sangue correndo a velocidades alucinantes, não há muito tempo para se pensar nessas coisas. Com menos jogadores é possível aproveitar melhor o jogo. Oito fica num ótimo ponto de equilíbrio. Ainda caótico, mas um caos organizado e com boas doses de competitividade.

Contudo, a possibilidade de se ter mais corredores não é depreciada. A experiência com o máximo de oponentes na pista é divertida, principalmente com amigos da vida real. Os desenvolvedores, atentos para para a natureza multiplayer do jogo, certificaram-se de que em qualquer oportunidade você será capaz de jogar com alguém. Mesmo que não haja controles sobrando em sua casa, basta conectar um smartphone ou tablet à rede e usá-lo como controle.

Os controles táteis não são exatamente os melhores, mas funcionam e são convenientes na falta de um controle real. Nas corridas com uma quantidade absurda de personagens, a pouca precisão nem fará diferença, já que você passará a maior parte do tempo tentando descobrir qual é o seu personagem no meio da bagunça.

Amigos não incluídos no pacote (mas deveriam)

Infelizmente, se você não tiver amigos reais ou virtuais para lhe acompanhar, a longevidade do título é prejudicada. A experiência single player é capaz de entreter por algumas horas, mas o foco do jogo mesmo é a jogatina em grupo. Sozinho, o conteúdo disponível não é o suficiente para manter o interesse por muito tempo.

Mesmo com a grande variedade de modos de jogo, ela não é o suficiente para justificar o seu retorno ao game, a não ser que seja para usufruí-la no modo multiplayer. São poucas pistas e poucas armas, a seleção de personagens é grande mas tem efeitos cosméticos, e as músicas, apesar de agradáveis, têm loops curtos e logo ficam repetitivas.

Não me entenda mal, Obliteracers é um dos melhores jogos de combate veicular modernos… se você tiver alguém para combater. Sozinho, é um jogo interessante; acompanhado, é fenomenal.

Prós

  • Visual e sonoramente agradável;
  • Vários modos de jogo e modificadores;
  • Combate divertido e caótico;
  • Multiplayer viciante.

Contras

  • Personagens com efeitos meramente cosméticos;
  • Poucas pistas;
  • Modo singleplayer fraco.

Obliteracers — PC — Nota final: 8.0

Revisão: Vitor Tibério
Capa: João Leal

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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