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Análise: Blitz Breaker (PC) é uma aventura frenética e desafiante

Prepare-se para morrer muito nesse intenso título indie.

O gênero plataforma já tem vários padrões definidos, mas, para se destacar, é importante tentar coisas novas. Blitz Breaker é um jogo de plataforma para PC no qual o protagonista se lança pelos ares para navegar em estágios repletos de obstáculos, em uma tentativa de diferenciação do gênero. Trata-se de um título com jogabilidade ágil e de ação rápida, contendo vários elementos de puzzle. A dificuldade é alta e morrer torna-se algo corriqueiro e comum.

Um robô em fuga

Em Blitz Breaker, controlamos um robô chamado Blitz, que está tentando fugir da fábrica em que foi construído. Para isso, o personagem tem que navegar por vários estágios de plataforma repletos de perigos. Essa descrição bate com outros jogos do gênero, mas existe um pequeno detalhe: o robô só tem à disposição um movimento de investida, que o lança voando até bater em algum obstáculo — nada de correr e saltar tranquilamente pelos estágios, como em Super Mario Bros.


Toda a jogabilidade está centrada no movimento de investida. Para chegar ao final dos estágios, é necessário se lançar ao ar usando paredes e obstáculos para conseguir avançar, lembrando-nos levemente um quebra-cabeças. Os comandos são simples e é muito fácil entender como controlar o personagem. Boa parte das fases é curta e pode ser terminada em alguns segundos — isso, aliado à velocidade e simplicidade da ação, confere agilidade à experiência de jogo.

Voando pelos estágios

A aventura em Blitz Breaker começa de maneira bem simples. Os primeiros estágios ensinam o básico da jogabilidade e dão uma sensação de que tudo é bem fácil. Mas, rapidamente, isso muda, pois cada nova fase inclui um elemento novo. Em determinado estágio, Blitz só precisa navegar por uma área de espinhos para chegar ao final; já em outro, o problema são as serras que se movimentam; em uma terceira área, é necessário coletar chaves para abrir portas. Quando você menos espera, os estágios apresentam todos esses perigos combinados de forma bem desafiadora.

Esse é um título difícil, daqueles que você morre inúmeras vezes, em um único estágio, de maneira bem parecida com jogos como Super Meat Boy — perdi a conta das vezes em que me joguei em espinhos e em outros perigos até finalmente alcançar o fim do estágio. Recomeçar uma fase leva pouquíssimos segundos, o que mantém a agilidade e velocidade do jogo. Os desafios são introduzidos progressivamente, o que facilita o processo de aprender os padrões e situações. É difícil, mas não impossível; só esteja preparado para tentar várias vezes a mesma fase.

Blitz Breaker é realmente uma experiência arcade: o título tem por volta de 100 estágios e dois modos (história e arcade). O único extra são as outras aparências para o personagem, sem alteração na jogabilidade. O visual usa o estilo pixelart e é bem agradável e colorido.

Morte e frustração

O conceito de Blitz Breaker é simples e o desafio é alto, mas algumas decisões de jogabilidade e design deixam a experiência um pouco irritante e frustrante. Os comandos do jogo são bem sensíveis (um leve toque na alavanca lança o robô pelo ar), só que acontece que os obstáculos dos cenários exigem extrema atenção: basta errar um milímetro para morrer. Sendo assim, morri muitas e muitas vezes em um mesmo estágio por conta de erros minúsculos. Das primeiras vezes, até entendi que estava aprendendo os obstáculos daquela fase, mas, depois da 30ª morte, já estava irritado e com vontade de desistir.

Um outro problema tem a ver com o design dos estágios. Após certo ponto da aventura, as fases são maiores, ou seja, têm mais telas. Acontece que a câmera se move de uma vez de um trecho para outro, o que impede de saber exatamente o que vem pela frente. Sendo assim, em muitos momentos, você acaba morrendo por não ter tempo hábil para reagir aos novos perigos.

Para piorar, as fases não têm pontos intermediários, ou seja, é necessário recomeçar desde o início, refazendo todas as partes, caso morra. Isso se torna extremamente problemático e cansativo nos estágios mais avançadas do jogo, pois elas são repletas de perigos que exigem movimentos exatos — é muito irritante ter que refazer uma fase toda por morrer no final devido a algum obstáculo difícil de ver. O resultado são fases extremamente difíceis por conta da grande quantidade de perigos somado à ausência de pontos intermediários, sendo necessário, assim, praticamente, decorar os movimentos — e isso é extremamente frustrante.

Uma experiência difícil e intensa

Blitz Breaker é um título de plataforma com mecânica principal interessante. É divertido lançar o robô pelos cenários, tentando escapar de todos os perigos. O desafio é crescente e na medida certa, mas problemas de design e picos de dificuldade podem frustrar alguns jogadores — morrer é um acontecimento corriqueiro aqui. Sendo assim, Blitz Breaker é recomendado para aqueles em busca de uma aventura desafiante e que não se importam em tentar o mesmo estágio várias vezes.

Prós

  • Conceito fácil de entender, mas difícil de dominar;
  • Ótimo visual;
  • Desafio na medida certa.

Contras

  • Pouco conteúdo;
  • Problemas no design de alguns estágios;
  • Picos de dificuldade podem deixar as coisas frustrantes.
Blitz Breaker — PC — Nota: 7.0
Revisão: Jaime Ninice

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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