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Análise: Broforce (Multi) – o primeiro simulador de liberdade

Novo jogo da Devolver Digital é uma sátira aos filmes de brucutus.


Desde o fim da era de ouro dos games, a nostalgia habita nossas almas. Os jogos foram ficando cada vez mais complexos e aos poucos o visual pixelado foi dando lugar aos polígonos e, posteriormente, a uma aproximação do fotorrealismo. A chegada dos indies e o início da era dos sucessores espirituais nos trouxeram certo conforto e a esperança de que o futuro pode nos reservar algo ainda melhor.
E é com esse espírito que no início do ano passado a Free Lives lançou a Broforce (PC/PS4/PS Vita) na Steam. Por um valor abaixo da média de preço de um indie, você poderia encarnar alguns dos maiores brucutus dos anos 80 e 90, através de um shooter em side-scrolling de ação fortemente inspirado em clássicos como CONTRA (NES/PC/X360).

 Para aqueles que não se recordam (provavelmente a maioria dos leitores), Contra (Kontora) foi um jogo de fliperama lançado em 1987 pela Konami. Nele o jogador controla um soldado que enfrenta homens, máquinas e alienígenas para atingir seus objetivos. Grande parte de sua popularidade vem do fato dele possuir um modo multiplayer local que suportava até dois jogadores simultâneos, característica incomum em jogos daquela época.

Um simulador de liberdade 

Quando o mal ameaça o mundo, eles chamam a Broforce, uma superorganização paramilitar que resolve as coisas exclusivamente pelo uso excessivo da violência. Juntando seus físicos sarados, vários “Bros” se unem para eliminar as forças terroristas, aliens e até mesmo o próprio Diabo, enfim, qualquer coisa que ameace sua maneira (americana) de viver.
Da mesma maneira que CONTRA, Broforce possui gráfico pixelado retrô típico dos jogos da geração 8-bit, no qual você mal consegue definir as expressões do personagens, o que não só não atrapalha em nada a diversão como combina  com o estilo do game.
Como foi dito anteriormente, as mecânicas do game são bastante simples e se resumem basicamente em atirar, pular, golpe de curta de curta distância, que pode variar entre um soco ou ou uma facada, dependendo do personagem com o qual você está jogando. Aliás, cada personagem possui armas e ritmo de movimentação únicos. Aliado a isso você também pode usar sua faca para subir verticalmente em qualquer superfície.

 Outro elemento interessante é que o game possui uma extensa gama de personagens, todos eles fortemente inspirados (para não dizer a palavra “cópia”) em personagens “brucutus” dos filmes de ação dos anos 80 e 90, que eram transmitidos principalmente à tarde na TV aberta.

Até aí nenhuma novidade, atualmente há vários games que disponibilizam diversos personagens jogáveis, no entanto o grande diferencial é que você não escolhe o “brucutu” com qual irá jogar, a cada nova fase, vida gasta ou quando você salva um prisioneiro, é disponibilizado ao jogador um novo personagem aleatório.

Eis a lista com somente alguns dos personagens e suas respectivas referencia no universo cinematográfico hollywoodiano:
  • B.A Broracus – B.A Baracus (Esquadrão Classe A)
  • Bro Hard – John McClane (Duro de Matar)
  • Bro in Black – Agente J (Homens de Preto)
  • Brominator – Terminator (O Exterminador do Futuro)
  • Bro Anderson – Neo (Matrix)
  • Brocop – Robocop (Robocop – O Policial do Futuro)
  • Brade – Blade (Blade)
  • Indiana Brones – Indiana Jones (Caçadores da Arca Perdida)
  • MacBrover – MacGyver (da série MacGyver)
  • Rambro – Rambo (Rambo – Programado para Matar)

Eu lhe darei uma guerra que você não irá acreditar 

Broforce se autointitula como sendo o primeiro simulador de liberdade do mundo dos games, e não é para menos. Da mesma maneira que seus personagens, o pouco de narrativa que o jogo possui se realiza no formato de uma sátira, que ironiza os grandes clássicos do cinema de ação e seus vilões, os grandes males que ameaçam (ou podem um dia ameaçar) o estilo de vida americano.

Broforce foi considerado por muitos um dos indies mais interessantes de 2014, ano em que ele entrou em Acesso Antecipado no Steam. E foi merecido, o jogo já consegue conquistar o público em seus trailers, que são hilários, e pelo nome de suas conquistas (troféus), que são baseados em citações de filmes que foram muito famosos em sua época, como Highlander.
Não se sabe, entretanto, como o game não foi processado por direitos autorais até o momento, devido às suas inspirações na criação dos personagens do game. Muitos indies já sofreram por muito menos, como foi caso de Motor Rock (PC), que é considerado o sucessor espiritual de Rock N’ Roll Racing (SNES). Sua desenvolvedora, Yard Team foi obrigada pela Blizzard a retirar o game do Steam em 2013. Outro caso alarmante foi Chroma Squad (PC), que por ter leves inspirações em alguns tokusatsus obrigou a Behold Studios a fazer um acordo com a Saban antes mesmo de seu lançamento.

Pelo momento, o jogo só foi lançado para PC, entretanto foi prometida uma versão para PS4 e PS Vita que será lançada em 2016, porém a data exata ainda não foi divulgada.

Só pode haver um Bro 

Não há como negar que, apesar de ter uma jogabilidade e gráficos simples, Broforce seja um jogo muito audacioso. Seu mérito foi ter reunido os principais personagens de filmes ação em um único game, o que seria impensável devido à lei de direitos autorais. Infelizmente, a narrativa é quase inexistente, o que está longe de estragar a diversão. Recomendo fortemente o jogo a todos que viveram nos anos 80 e 90, ou mesmos  aos fãs de filmes de ação desta época. Então, qual é o seu “brucutu” favorito? Deixe seu comentário.

Prós

  • Sátira aos clássicos de ação
  • Inspiração em “brucutus” clássicos
  • Jogabilidade simples e objetiva

Contras

  • Narrativa quase inexistente 
Broforce – PC/PS4/PS Vita – Nota: 9.0
Versão utilizada: PC
Revisão: Alberto Canen
Capa: Daniel Serezane 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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