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Análise: RymdResa (PC) – uma jornada na paz e solidão do espaço

Novo roguelike de exploração espacial mostra que é necessário mais do que uma nova combinação para agradar aos fãs do gênero e ganhar destaque.


Este é o primeiro jogo desenvolvido e distribuído pela Morgondag a fazer parte do acervo do Steam. Antes disso, com exceção de Vemdel – Raspberry Hunt (PC), a desenvolvedora suéca só produzia jogos para plataformas mobile. A Morgondag conta com um time muito pequeno, composto somente por dois membros: Vendella Calberg Larsson e Kim Gunarsson, que, com exceção da trilha sonora e da narração, foram responsáveis por todo desenvolvimento do jogo. RymdResa (PC) é uma mistura de roguelike, RPG e exploração.

Quando não existe um lugar para se chamar de lar...

A história do jogo se passa em um futuro distante, em que o planeta Terra foi destruído por um asteroide e os recursos para sobrevivência humana estão escassos. Seu objetivo é utilizar o pouco que sobrou para vagar com sua espaçonave pelo enorme, vazio e silencioso espaço sideral em busca de um novo lar, mas o problema é que você não sabe exatamente onde começar sua busca, sendo que as únicas informações que possui são algumas coordenadas para locais desconhecidos.
O visual do game é uma péssima primeira impressão e provavelmente não agradará aos olhos dos jogadores mais novos. Para começar, as naves espaciais não possuem cor ou detalhes, elas são simplesmente um contorno preenchido com um tom morto de cinza. O fundo, o espaço sideral, aparenta  seguir um estilo fotorealista, mas que também não impressiona muito.


Como todo bom roguelike, as fases do jogo são geradas proceduralmente, ou seja, novas fases são geradas a cada partida e quando você morre as únicas coisas que você mantém são o seu nível e alguns itens . O loot — a quantidade dinheiro, os tipos e qualidade de itens — encontrados no jogo são sempre aleatórios. Esse dois elementos, teoricamente, favorecem o replay do game.
Você inicia o jogo com apenas uma nave simples, sem qualquer customização, batizada como Embla Colonizer, porém há mais nove outras naves,  que podem ser compradas com space points (dinheiro do jogo) e outras que só poderão ser desbloqueadas através de muita exploração, à medida que você avança no jogo. Cada uma delas possui um formato, design e atributos distintos, com destaque para Ithun Scout, que se trata literalmente de um disco voador.
Além de seu contorno, as naves se diferenciam através de seus atributos, os chamados Base Stats (atributos principais) — Speed (velocidade), Aceleration (aceleração), Recourses (recursos), Boost CD e Items Equipped (Itens equipados). Quase todos esses atributos são auto-explicativos, com exceção de Recourses, que aliás é um conceito um pouco confuso, pois ele dá o mesmo nome a duas coisas diferentes dentro do game: o primeiro se refere a quantidade que você pode transformar deste elemento em uma espécie de stamina que impulsiona a nave, fazendo-a voar mais depressa (algo como o Magic Power nos JRPGs tradicionais); o segundo se refere a quantidade máxima  de recursos que você pode acumular. Lembrando que além de servir como stamina, este atributo também funciona como uma espécie de vida da nave, ou seja, quando ele chega ao fim, seu piloto morre e a nave é destruida, mas fique tranquilo pois, apesar de ser essencial, esse atributo pode ser aumentado com o uso de equipamentos. Boost CD, por sua vez, determina a demora para recarga e duração do impulso. Há também a possibilidade de customizar com itens encontrados durante a sua exploração ou ao completar missões. Esses equipamentos serão capazes de aumentar ou diminuir cada um dos Base Stats, dependendo da qualidade do item encontrado, em outras palavras, irão melhorar ou piorar o desempenho de sua nave.

De maneira semelhante à nave, o piloto também possui atributos: Exploration (exploração), Scouring ("vasculhar"), Technology (tecnologia) e Survival (sobrevivência). Exploration aumenta as recompensas adquiridas em suas missões scouring, a chance de encontrar itens; Technology determina o seu conhecimento em tecnologia antiga, para trasformá-la em recursos; e, por fim, Survival é o bônus concedido por recursos e itens encontrados.
Diferentemente dos Base Stats, as habilidades do piloto não podem ser melhoradas com equipamentos, apenas subindo de nível. Há duas diferentes formas de se alcançar isso: coletando recursos durante seu trajeto ou cumprindo as missões propostas pelo jogo.
A movimentação de sua nave ocorre principalmente por inércia, porém você pode utilizar o boost para acelerar sua viagem ou desviar de asteroides — o problema é que, a cada vez que ele é utilizado, são consumidos recursos e, quando estes chegam a zero, você morre. Aliás, o jogo se resume a isso, se movimentar do ponto A ao ponto B evitando qualquer colisão com obstáculos  asteroides, lixo espacial ou ainda ser “sugado” pelo campo gravitacional de algum sol ou planeta.
Além de vagar em direção ao seu objetivo, é possivel realizar o chamado Research — pesquisar objetos e corpos celestes. De modo que tudo o que foi pesquisado poderá ser acessado posteriormente através do menu na sessão Research Notes (notas de pesquisa). Essas notas poderão ser utilizadas para fabricar novos itens, para isso basta que antes você tenha todos os materiais requeridos, que são informados no próprio Research Notes.
O jogo possui o total de três capítulos, cada um deles com dez diferentes missões. Apesar de poucos estágios, RymdResa honra seu gênero, possuindo uma dificuldade elevada e lhe obrigando a recomeçar o game inúmeras vezes.

Vazio e pacífico até demais

A intenção dos produtores é que o jogo fosse como uma poética odisseia espacial, porém toda essa poesia aludindo a solidão, paz e quietude parece mais um poema repleto de rimas forçadas e previsíveis.
A navegação espacial tenta ser fiel às leis da física, respeitando o modo como os corpos se movimentam no espaço e o campo gravitacional exercido pelos planetas, mas, felizmente, se esquece  que o som não se propaga no espaço, o que deixaria o game ainda mais monótono. A inexistência de inimigos e música pacífica e relaxante, a curto prazo, torna RymdResa um jogo entediante  e repetitivo.
A combinação de roguelike e exploração tornam este um título ímpar, porém o visual simplista, a falta de conflito e a dificuldade elevada fazem com que a empolgação com a jogatina não dure muito, de modo que nem a geração procedural e loot aleatório consigam sustentar a jogatina por muito tempo.

Prós

  • Fases geradas proceduralmente;
  • Loot aleatório.

Contras

  • Péssimo visual;
  • Inexistência de inimigos;
  • Música relaxante e monótona;
  • Gameplay repetitivo;
  • Dificuldade elevada.
Análise: RymdResa – PC – Nota: 5.0
Revisão: Alberto Canen
Capa: Victor Pereira

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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