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Análise: The Witcher 3: Wild Hunt (Multi) é impressionante, mas não é perfeito

Apesar de cultuado por fãs e novatos, Witcher 3: Wild Hunt não é perfeito e possui defeitos que devem ser explorados.



The Witcher 3: Wild Hunt (Multi) é um action RPG ambientado em mundo aberto, desenvolvido pelo estúdio polonês CD Projekt Red e lançado oficialmente no dia 19 de maio de 2015. A história do jogo é baseado nos romances de Andrzej Sapkowski e se passa após aos eventos narrados nestes.

A história deste terceiro título da série gira novamente em torno de Geralt de Rívia, que procura o paradeiro de seu grande amor Yeneffer. Ao mesmo tempo a ordem mundial está em mudança e um misterioso exército conhecido como Wild Hunt invade os Reinos do Norte, deixando para trás um rastro de sangue e destruição.

Toda a moeda tem dois lados

Primeiramente, gostaria de frisar que o modo como se julga um game não é tão diferente de avaliar obras de outras mídias como um livro. Por exemplo, você não pode afirmar seguramente se um livro é bom ou ruim até que se conclua a sua leitura. O mesmo acontece com os jogos, no caso, Witcher 3, no geral, é impressionante,inovador no início, todavia muitas coisas podem mudar até o término do mesmo. Mas como? Tendo quests que utilizam mecânicas repetitivas, como os famosos “leva e trás” presentes na maioria dos MMORPGs. Todavia, não foi o que ocorreu no caso de W3, pelo menos até este momento, com mais de 30 horas de gameplay, quanto mais se avança no jogo mais complexa e emocionante fica a narrativa, deixando o jogador cada vez mais imerso no mundo do bruxeiro, porém, apesar de improvável, isso ainda pode mudar até o fim do jogo.

Outra coisa que deve ser esclarecida é que o objetivo desta análise não é se embrenhar na realização de uma explicação minuciosa das mecânicas do jogo das mais variadas maneiras possíveis. Não! Se você está lendo esta análise com esse objetivo, posso lhe apontar centenas de outras resenhas espalhadas pelos sites “gamers” afora. Inclusive, há artigos fortemente recomendáveis no próprio GameBlast. O foco desta resenha é, na verdade e principalmente, apontar os erros e imperfeições do game, coisas que muitos sites acabaram quase que se que simplesmente ignorando.

Um universo fantástico

A narrativa do game, em geral, está muito bem amarrada e isto vai além das histórias principais e se estende às sidequests, de modo que não é incomum que muitas sejam geradas imediatamente, prolongando aquela missão que tanto apreciávamos, mas parecia ser tão breve. Outro detalhe é interessante ressaltar: dependendo das suas decisões em uma determinada missão, esta poderá ser rememorada pelos NPCs tanto de maneira positiva quanto negativa, ou seja, baseados em suas ações em quests anteriores, os NPCs podem lhe ajudar ou piorar ainda mais a situação em que Geralt se encontra.

Diferente de RPGs de mundo aberto, como Elder Scrolls V: Skyrim (Multi), apesar de você muitas vezes ter de tomar decisões que influenciavam no andamento da história, suas ações não são tão livres quanto o jogo lhe leva a pensar, e as consequências às vezes nunca chegam. Sei que o exemplo é extremo e, conhecendo um pouco da história de Geralt, não faria sentido algum, mas só para ilustrar: não é possível realizar uma chacina em uma taverna, por exemplo. E, ao mesmo tempo, é possível pilhar, para não dizer roubar, itens pertencentes aos NPCs, que geralmente estão localizados próximos a estes, porém mesmo praticando esta ação na “cara dura”, nenhum deles sequer o repreende. Alguns podem chamar isto de “suspensão voluntária de descrença”, afinal de contas é comum que coisas não verossímeis (realistas) ocorram em games e o jogador simplesmente as ignore, aliás, isso era perfeitamente comum nos JRPGs das eras 8 e 16 bits, o que não é caso de W3.

A“estética” do jogo não é “aquarelada” como parecia mostrar nos gameplays realizados pouco antes do lançamento, pois, à primeira vista, pelo que foi visto nos vídeos próximos ao lançamento, especulava-se que seu estilo gráfico ficaria semelhante ao de Dragon Age: Inquisition ( Multi). Apesar desta bela surpresa, graficamente o jogo ainda está longe de se equiparar aos gráficos mostrados durante a E3 de 2013.

O sistema de combate é muito dinâmico, permitindo que você tenha várias opções durante um conflito, para evitar o recebimento de dano há o bloqueio e a esquiva enquanto para atacar um golpe fraco e um forte, além de 5 opções de magias, com dois efeitos um normal e alternativo, e um arsenal de bombas e óleos, que podem ser utilizados em sua espada dependo da criatura qual você está enfrentando.

O sistema de craft é  um pouco complexo demais para iniciantes. E, muitas vezes, o jogador dependerá dele para concluir algumas missões, como a destruição do ninho de monstros que há no inicio do jogo, entre outras que virão.
Como todos os jogos que se passam em enormes mundos abertos, Witcher 3 sofreu de inúmeros bugs e problemas, como quedas na taxa de FPS, travamentos, tela preta, NPCs sem cabeça e flutuantes, encerramentos espontâneos do jogo e problemas de drivers na versão PC. É claro que também houve alguns bugs que foram mais divertidos do que realmente problemáticos, como NPCs que flutuavam pelo cenário ao invés de andar ou até mesmo perdiam a cabeça, literalmente.
Muitos daqueles que utilizam joystick encontraram problemas com Carpeado, o cavalo de Geralt, no momento de cavalgar. Tirando o fato de que um mero galho já serve de obstrução em seu caminho, impedindo o cavalo de seguir em frente, o mesmo botão é atribuído tanto ao salto (quando você simplesmente pressiona o botão) quanto ao ato desmontar (segura o botão). Isso muitas vezes atrapalha a dinâmica do jogo nos momentos que você precisa se movimentar rapidamente de um lugar para o outro.
 Mas o que atrapalha a dinâmica do jogo, gerando raiva e mexendo com a paciência de muitos são os “resumos dos últimos acontecimentos”. Nada contra este recurso quando é a primeira vez que você inicia o jogo no dia, aliás ele até é útil, na medida em que você pode relembrar algo da história que você havia esquecido, ou simplesmente não compreendido direito, mas o fato deste “resumo” ser repassado toda vez que você faz o carregamento de um save do game chega a ser muito desgastante e enjoativo e, o pior, até a última atualização não há como você “pular” este vídeo de recapitulação.
E, por fim, nas ocasiões nas quais os NPCs lhe acompanham em batalha, estes são sempre quase que inúteis, no sentido em que eles mal são capazes de subtrair a vida do oponente, não contribuindo muito para a derrota destes. Obviamente há algumas exceções como Triss e Dijkstra.

Witcher 3 é realmente um jogo extraordinário que cumpriu praticamente tudo o que foi prometido, porém ele possui varias minúcias em seu gameplay que precisam ser exploradas, resolvidas e melhoradas. Em outras palavras, não é porque um jogo é ótimo que ele não pode se tornar excelente.

Prós

  • Gráficos deslumbrantes;
  • Sistema de combate dinâmico;
  • História imersiva e bem amarrada.

Contras

  • A história é recapitulada constantemente;
  • Atos vis com consequências nulas;
  • NPCs quando em combate beiram a inutilidade.
The Witcher 3: Wild Hunt — Multi — Nota 9.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Victor Pereira (Ryo)

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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