Tetris: 30 anos de diversão, vício e longevidade

Relembre um pouco da trajetória de sucesso de Tetris, jogo que há 30 anos conquista/vicia jogadores ao redor do espaço.

6 de junho de 1984. Esta é a data do nascimento de um clássico eterno, que ficaria marcado como ícone da cultura pop e símbolo dos videogames. Surgido na antiga União Soviética, hoje Rússia, Tetris dominou um mercado até então essencialmente japonês, tornando-se um vício extremamente rentável. Atingindo a marca de 70 milhões de cópias vendidas, sendo 35 milhões apenas para o GameBoy, recebeu, inclusive, status de obra imortal e conquistou jogadores de todas as idades, em todos os lugares do planeta, nos seus 30 anos de história.

Nasce um sucesso

O título do jogo é baseado na combinação da palavra grega Tetra (quatro) e tênis, esporte favorito de Alexey Pajitnov.
Desenvolvido pelo engenheiro em informática, Alexey Pajitnov, em parceria com Dmitry Pavlovsky e Vadim Gerasimov, no Centro de Computadores da Academia Russa das Ciências, Tetris ganhou o mundo e o espaço, tornando-se sinônimo de desafio e diversão. Baseado no quebra-cabeça Pentaminó, o jogo é uma versão melhorada para os computadores da época.

Vício espacial

A versão de Tetris para Game Boy foi o primeiro jogo a ser jogado no espaço. O feito ocorreu em 1993, na Estação Espacial MIR, onde o tijolão da Nintendo foi exaustivamente utilizado nos 196 dias a bordo da estação, dando mais de 3 mil voltas ao redor da Terra. Imagino que os astronautas devem ter pesadelos até hoje com a música tema do jogo.

O título tem uma proposta aparentemente bastante simples, consistindo em empilhar os blocos (tetraminós) que descem a tela, de forma que eles completem linhas horizontais. Quando uma linha se forma, ela se desintegra, as camadas superiores descem, e o jogador ganha pontos. Quando a pilha de peças chega ao topo da tela, a partida se encerra e você recebe a sua pontuação final.
Os tetraminós são sempre compostos por quatro quadrados empilhados de forma distinta, mas que, na maioria das vezes, enquadram-se entre si.
Misturando velocidade, desafio e diversão com uma trilha sonora de enlouquecer, o jogo virou febre e continua agradando a todo tipo de público, mesmo passadas três décadas desde o seu lançamento. Desafiador como poucos, o puzzle atrai pela sensação prazerosa de conquista a cada novo nível superado, e de surpresa e suspense pelas peças que caem, além da velocidade que aumenta assim que os níveis avançam.
Tão icônica quanto os tetraminós, a canção título do jogo, chamada de Korobeiniki (tradicional canção russa composta em 1861), tornou-se parte da cultura pop ocidental.

Outra canção clássica do jogo é o Tema C. O que poucos sabem é que, Assim como a canção título, ela também vem de tempos antigos. Trata-se do Minueto da Suite Francesa em Si menor, BWV 814, de Johan Sebastian Bach (1865-1750).

Cadê o desafio?

30 anos depois de desenvolver um dos mais clássicos jogos eletrônicos de todos os tempos, o pai do Tetris hoje se diverte com os games atuais, mas sente falta do desafio do tempo da sua criação. Alexey Pajitnov diz que os jogos de hoje são superficiais: "Os desafios hoje são mais fáceis, mais simples de resolver, não profundos o suficiente para que você precise de uma hora para descobrir a solução de um único problema. É um pouco leve demais para meu gosto, mas eu acho bom, pois mais pessoas podem jogá-los".

Uma mina de ouro

Pajitnov e seus colegas perceberam o potencial do jogo bem antes dele ficar pronto. Durante o processo de desenvolvimento, ele e toda a equipe do centro de computação não conseguiam parar de jogar antes do programa final ficar pronto. Aos poucos, a febre foi se espalhando por outros setores do centro, através de cópias em disquete, e rapidamente se espalhou entre amigos e outros desenvolvedores.
O jogo era/é tão viciante, que até mesmo os seus próprios desenvolvedores quase não finalizaram o título por causa das horas jogando durante o expediente.
E foi justamente passando de mão em mão que o jogo chegou até pessoas interessadas em comercializá-lo, mais precisamente em posse de Robert Stein, na Hungria. Foi lá que esse leigo em computadores que não gostava de jogos eletrônicos foi fisgado pela febre, passando horas jogando Tetris.
Retirado de 007, “From Russia With Love”, era o slogan do jogo nos Estados Unidos.
Negociando os direitos do título, Stein editou, pela sua empresa, Andrômeda, o jogo para ser distribuído ao público norte-americano. Detentora dos direitos do game na América, a empresa passou a negociá-lo como se fosse sua criação, e, em 1988, Tetris chegava aos computadores da Europa e Estados Unidos, publicado pela Mirrorsoft e Spectrum Holobyte. Pouco tempo depois, o título foi sub licenciado para Atari, Sega e outras tantas empresas, tornando-se, desta forma, um sucesso global, desafiando o raciocínio de jogadores por toda parte.
Tetris foi um dos primeiros itens a ser exportado para vários países pela antiga União Soviética.

No Tijolão

Almejando causar grande impacto com seu novo videogame portátil, o então presidente da Nintendo norte-americana, Minoru Arakawa, sabia que era preciso um jogo convincente para o lançamento do Game Boy, algo que fosse capaz de prender a pessoa por horas e também divertisse em pequenos intervalos de tempo, funcionando como um passatempo.
Parceria de sucesso.
E o que poderia ser melhor do que Tetris? Nada, foi assim que deve ter pensado Arakawa. Em comissão (com a presença de Hiroshi Ymauchi), foi até a Rússia, onde participou de uma negociação perigosa e sigilosa, com pessoas de várias partes do mundo interessadas em publicar a nova sensação dos jogos. Contudo, a Nintendo venceu o “leilão” e publicou Tetris junto ao Game Boy, tornando-se um sucesso absoluto.
Existem versões de Tetris também para smartphones e tablets, com mais de 425 milhões de downloads pagos.

Recomendado por especialistas

Se já não bastasse todo o desafio de raciocínio do jogo, ainda temos a busca desenfreada por bater recordes, ou pelo menos tentar alcançar a maior pontuação possível, seja contra um amigo, um conhecido ou, mais recentemente, nos rankings online. Mas todo esse esforço não é em vão. De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Dr. Richard Haier, da Universidade da Califórnia, Tetris é um dos melhores jogos para treinar e desenvolver a mente. Segundo os estudos publicados, a atividade cerebral de quem experimenta o jogo de forma constante tende a ficar mais aguçada para tarefas que envolvem o pensamento crítico, a razão, a linguagem e o processamento de dados.
Jogar Tetris traz grandes benefícios para saúde. Vamos tentar?
Em 2014, um grupo de psicólogos da Universidade de Plymouth, nos Estados Unidos, em pesquisas científicas com pessoas de várias idades, publicaram um estudo que defende que o desejo de consumir alimentos calóricos, bebidas alcoólicas e até cigarros, diminui ao jogar Tetris. Segundo os especialistas, a montagem das peças e a velocidade do jogo fazem com que os jogadores não tenham tempo nem de pensar em comida, muito menos em outros vícios. Agora não precisa mais procurar dietas malucas ou receitas mirabolantes. A solução pode estar bem mais próxima do que você imaginava.

Antes tarde do que nunca

São 999,999 pontos. Não 999 jogos. 
Desde a primeira versão de Tetris para consoles, lançada em 1988, nenhum jogador havia chegado a sua pontuação máxima. Contudo, no dia 19 de abril de 2009, o estadunidense, Harry Hongo, atingiu a pontuação total de 999,999, quebrando um recorde até etão inimaginável.

Eterno companheiro

Em 30 anos, Tetris esteve disponível em mais de 65 plataformas diferentes, com destaque para a produção da EA Mobile, vendendo mais de 100 milhões de unidades, seguida da versão para o GameBoy, com 30 milhões de cartuchos vendidos. O jogo segue desafiando mentes a raciocinar com cada vez mais velocidade e eficiência, servindo como terapia, passatempo ou mera diversão.

Mesmo com os jogos se tornando cada vez mais realistas e elaborados, Tetris ainda tem seu espaço na jogatina de gamers de todas as idades. Não importa a versão, muito menos a plataforma, a montagem de peças seguirá firme e forte na vida de jogadores por muitas décadas, principalmente com as descobertas recentes sobre seus benefícios. Aproveite aquela horinha vaga no ônibus ou na fila do banco e relembre a história dos videogames com Tetris, você não vai mais querer parar.

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Stefano Genachi

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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