Crônica

Eu, minha namorada e nossos videogames

Como nem só de videogames vive um gamer, dividir suas experiências com alguém importante é muito bom! Melhor ainda quando essa pessoa gosta tanto de jogos quanto ele.

Desde o início da história dos nerds, geeks e gamers, um dos maiores desafios da vida é encontrar uma parceira ou parceiro que divida os mesmos gostos. Mas não apenas respeitar ou achar “bonitinho” o fato de você jogar. Quero dizer de encontrar um companheiro ou companheira que seja realmente o seu player 2.


Quando alguns de nós, felizardos ou sortudos, conseguem essa proeza, não faltam experiências marcantes no mundo dos mais variados jogos. De Dark Souls (Multi) à Candy Crush (Mobile), o mais divertido de se ter alguém especial para jogar com você é que qualquer jogo pode se tornar muito mais interessante e engraçado. E é sobre isso que vou falar aqui hoje.

Vou dividir com vocês agora as minhas experiências mais marcantes com a minha namorada enquanto jogávamos os jogos mais marcantes para nós. Preciso dizer que a maioria dos jogos foram jogados em consoles da Nintendo, porém, como muitos são multiplataformas, vai ser interessante para qualquer grupo de jogadores ler! Aproveitem!


Donkey Kong e o trabalho em equipe

Uma de nossas primeiras experiências compartilhadas foi de quando dividimos a conta de um Wii usado. O console veio com um exemplar de Donkey Kong Country Returns, o qual jogamos freneticamente nas primeiras noites. Eu sempre joguei os títulos da franquia, desde o SNES, mas as aventuras do gorila de gravata e seu amigo Diddy Kong nunca foram tão divertidas pra mim.

Enquanto jogávamos, lá no início do nosso relacionamento, muito foi aprendido de um pelo outro sem nada ser perguntado. Como nos comportávamos sobre pressão, como trabalhávamos em equipe, o que nos fazia rir, o que nos estressava ou frustrava; tudo foi descoberto simplesmente fazendo dois macaquinhos pularem pela tela afora. O engraçado era quando perdíamos a paciência e acabávamos discutindo porque um matava o outro sem querer. Logo depois ficávamos com sentimento de culpa e voltávamos a nos juntar contra as fases malditas do jogo.


Um novo Mario cheio de novas experiências

Depois de noites e noites em claro tentando completar sem sucesso o jogo do gorila burro, conseguimos um título que nos cativou tanto quanto: New Super Mario Bros. Wii. O jogo do encanador que trazia de volta para os consoles de mesa a experiência dos jogos de plataforma do SNES foi incrível. O mais legal foi juntar dois amigos nossos para nos ajudar na missão de salvar o Reino dos Cogumelos personificando os irmãos Toad enquanto eu era o Mario e ela, o Luigi.

Dessa série de aventuras, a mais marcante foi num natal, onde um dos nossos amigos (que era acostumado com o estilo de jogo speed run) saia correndo pela fase e acabava fazendo “a câmera matar os que não corriam”. Depois de umas 20 mortes, minha namorada mandou ele para um lugar feio e subiu para dormir nervosa de um jeito que eu jamais vi. Na manhã seguinte ela se desculpou com ele e voltou a jogar, mas isso não impediu que ela o mandasse para outros lugares feios logo depois.


Just Dance e as revelações de gênero

Não iria demorar muito para começarmos a experimentar a franquia de dança mais conhecida do mundo ocidental. Passando por Just Dance 3, 4 e 2014 (Multi), nossas experiências com a série foram, resumindo em uma palavra, cômicas. Seja com amigos ou sozinhos numa sexta à noite, requebrar no Just Dance me mostrou que as vezes é importante apenas dançar.

A experiência mais marcante com esse título envolve, sem dúvidas, o fato de eu não possuir habilidade nenhuma de dança, em contrapartida dela que já fez até balé. Com ela me ganhando de lavada em praticamente todas as músicas, chegamos em um título bem específico: California Gurls (Katy Parry feat. Snoop Dogg). Nessa música os papéis de gênero do meu relacionamento foram todos colocados em cheque, quando eu simplesmente ganhei de lavada da minha namorada. Não sei o porquê, mas ela ficou me olhando meio desconfiada depois disso…

A Liga da Justiça em ação!

Passado algum tempo, finalmente comprei o meu Wii U. Junto com o console vieram alguns jogos os quais joguei sozinho e um que trouxe muita diversão para o casal. Injustice: Gods Among Us trouxe para minha vida de casal toda a diversão que eu tinha quando criança jogando Mortal Kombat Trilogy (N64). E descobri de tabela que minha namorada jogava jogos de luta melhor do que eu.

Lembra dos papéis de gênero que eu falei anteriormente? Com Injustice eles só se reforçaram. Seja com Flash, Arqueiro Verde, Super-Homem ou Arlequina, minha namorada aparentemente depositava nos personagens todas as roupas que eu não guardava, os pratos que eu não lavava e as chamadas que eu não atendia no celular, porque, meu Deus, como ela me espancava naquele jogo! Digo isso tudo no passado pois passei a fazer tudo direitinho! Então namoradas gamers, querem que seus namorados façam as coisas que vocês pedem? Simples! Vença-os nos jogos que eles se julgam o máximo! Acreditem, funciona.


Construindo uma vida em Minecraft

Fugindo um pouco dos consoles de mesa, num belo dia ela me perguntou: “você sabe de um programa ou jogo que dá para construir casas tipo The Sims?”. Eu ri já sabendo que ela nunca tinha ouvido falar em Minecraft, o indie mais vendido do mundo. Então conseguimos a versão de PC e apresentei pra ela a lógica do jogo. Em 20 minutos percebi que tinha criado um verdadeiro monstro.

Nos meses que se seguiram foram diversos projetos de casas que davam inveja até aos moradores mais ilustres de Beverly Hills. Nesse jogo, o episódio mais incrível, épico e hilário foi quando ela deixou o save aberto no notebook e foi fazer alguma outra coisa. Eu e meu cunhado então resolvemos espalhar uma centena de galinhas dentro da casa dela. O resultado: quase dormi no sofá naquele dia enquanto o meu cunhado ficou quase uma semana para limpar toda a casa das galinhas e dos seus ovos. Mas o sentimento de “valeu a pena” com certeza prevaleceu! Foi algo bem parecido com isso:

Os jogos de tiro determinando o rumo das férias

Call of Duty: Ghosts (Wii U), Counter Strike 1.6 (PC) e Combat Arms (PC). Independente da qualidade, idade ou características desses jogos, eles propiciaram muitas risadas, brigas e momentos felizes nas nossas férias de meio de ano. Juntar aquela galera na casa de alguém e jogar, jogar e jogar. O problema é que nunca deixavam que nós dois ficássemos no mesmo time, o que gerou um sentimento de rivalidade muito engraçado.

A melhor experiência de todas foi quando ela resolveu jogar o modo campanha do CoD Ghosts. Certas pessoas simplesmente não funcionam sob pressão e ela é uma dessas. Jogar multiplayer nesses títulos é, simplesmente, um “mata-mata”. Mas em campanhas existem mais variáveis e peculiaridades em cada missão. Em uma das primeiras, quando o protagonista fica cercado de inimigos sob uma ponte, ela quase jogou meu GamePad pro alto quando surgiu um helicoptero na frente dela. As risadas e zoações percorreram meses a fio depois disso, é claro.


A saga através dos Mario Kart

Deixei o melhor para o final: Mario Kart 64 (N64), Mario Kart Wii (Wii), Mario Kart 7 (3DS) e Mario Kart 8 (Wii U). Nossa jornada pelas pistas de corrida do encanador e sua turma poderiam suficientemente definir a nossa relação como um todo. Lá no início, o primeiro jogo que jogamos juntos foi o título de N64, o qual eu possuo há 15 anos. A identificação começou quando ela me ganhou já na segunda corrida! Depois disso, jogamos o título de Wii com dezenas de amigos, incluindo até franceses de intercâmbio, e ela roubou meu 3DS por algum tempo, para fazer seu Mii famoso na internet.

Mas foi a chegada do oitavo jogo da franquia o marco mais memorável. Como o previsto, fiz a pré-venda do jogo pela internet e, quando ele chegou, simplesmente viramos uma noite jogando. Depois disso foi uma febre total: amigos, tios, pais, irmãos, vizinhos, todos jogaram com a gente em algum momento. A maioria, é claro, não tinha prática e então demorava mais para conseguir ser um adversário à altura. Mas ela, senhoras e senhores, sempre foi e sempre será minha maior e melhor adversária nas pistas! Que os Cascos Azuis me ajudem!


Histórias, nossas histórias…

Independentes de gamers ou não, namorados ou não, todos temos ótimas lembranças de coisas que fazíamos ou fazemos com nossos entes queridos, sejam eles pais, irmãos, amigos ou cônjugues. Esse texto é só um compilado de algumas dessas memórias. Como somos essencialmente gamers, parte da nossa vivência ultrapassa a simples experiência de jogar e vai para a parte de socializar, ou seja, compartilhar com todos nossas melhores experiências. Espero que esse texto sirva para isso.

Mas e vocês leitores e leitoras? Quais são suas memórias mais engraçadas, interessantes ou marcantes envolvendo jogos de videogame, namorados(as) e amigos? Comentem compartilhando conosco os seus episódios!



Revisão: José Carlos Alves
Capa: Paula Beltrão

Gilson Peres é Psicólogo e Mestre em Comunicação pela UFJF. Está no Blast desde 2014 e começou sua vida gamer bem cedo no NES. Atualmente divide seu tempo entre games de sobrevivência e a realidade virtual.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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