South Park: The Stick of Truth (PC) e a incrível busca pelo graveto mágico

Humor é um assunto muito delicado nos dias de hoje, em especial quando entramos na discussão do “politicamente correto”. Enquanto alguns comediantes ou séries tentam seguir uma linha mais conservadora, outros preferem tomar um rumo totalmente oposto e fazer graça com absolutamente qualquer coisa. South Park talvez seja o maior exemplo de humor politicamente incorreto da história da televisão e, com seus mais de dez anos de transmissão, angariou milhões de fãs com suas piadas ácidas e imorais.Sendo uma série de tamanho sucesso, era de se esperar que alguns jogos fossem lançados com o intuito de recriar seu universo nos mais diversos consoles. South Park: The Stick of Truth é o mais recente desses lançamentos. Será que ele consegue recriar com fidelidade o desenho e ao mesmo tempo ser divertido?

South Park na essência

Como em toda boa adaptação, um dos aspectos mais importantes a serem julgados é com que fidelidade a obra original é representada no jogo. E em Stick of Truth esse aspecto é o grande destaque. Se você é fã de South Park, ou ao menos viu alguns episódios, a primeira coisa que você notará, e com enorme satisfação, diga-se de passagem, é que os visuais do jogo são extremamente fiéis ao desenho. Desde a modelagem dos personagens até a cidade em si, tudo parece ter sido retirado diretamente da série, sendo quase impossível para um fã não lembrar de alguns acontecimentos icônicos da franquia ao caminhar pela pacata cidade montanhesca.

Toda a glória da cidade montanhesca

A cidade de South Park em si é um dos grandes destaques do game por si só. Pela primeira vez, desde que a série foi criada, temos um mapa completo de toda a região e seus arredores. E o melhor? Grande parte do cenário é totalmente explorável e esconde várias surpresas para os fãs da série, como alguns objetos que marcaram alguns dentre os mais de 217 episódios da saga.

Mas não se engane, leitor, as semelhanças não ficam restritas apenas aos visuais. O humor politicamente incorreto e escrachado, grande responsável pelo sucesso de South Park, também dá as caras em Stick Of Truth. E tudo é regido por esse tipo de humor que virou marca registrada da série. Os itens encontrados pelos cenários, as falas de alguns personagens e até mesmo as classes disponíveis no jogo. Isso é muito bom em um aspecto, e talvez seja o grande atrativo do título, mas pode tornar o jogo um pouco pesado para crianças ou pessoas com estômago fraco (ou forte senso de moral).

Sim, você não leu errado...

Um RPG dentro de outro

Isso mesmo leitor, a história de South Park: The Stick Of Truth, ou pelo menos parte dela, pode ser resumida por meio de um pequeno efeito “Inception” que brinca com o gênero do próprio game. Você assumirá o controle de uma criança recém-chegada à famosa cidade, e que fará parte do grande conflito entre o clã dos humanos, controlado por Cartman, e o clã dos elfos, controlado por Kyle. Tudo se passa em meio a uma grande “brincadeira” de interpretação de papéis, ou seja, um RPG, denominado singelamente de “O Jogo”. O motivo do “milenar” conflito? A posse do majestoso Stick of Truth, um graveto de madeira que dá o controle de todo o universo àquele que o detém.

Essa talvez tenha sido uma das maiores sacadas em todo o jogo da Ubisoft. Afinal, como justificar a existência de classes e poderes mágicos em um jogo que deveria seguir de forma convincente a história “real” que o desenho narra? A solução foi utilizar a imaginação dos protagonistas para criar esse mundo de fantasia em que as mecânicas do jogo se apoiam. Por isso, não ache estranho encontrar algumas orelhas de elfo feitas de plástico ou perceber que várias das magias do jogo envolvem poderosas flatulências, já que, no fim, tudo isso é apenas um grande jogo.

Algumas armas… e muitas flatulências

Depois de tantos comentários acerca dos visuais e da história do título, é preciso lembrar ao leitor que Stick Of Truth não é um episódio de South Park, mas sim um RPG simples, porém muito divertido. Quatro classes estão disponíveis para o jogador, infelizmente, não há grandes diferenças entre elas, pois, apesar de cada uma possuir um leque de habilidades específicas, as armas e armaduras presentes no jogo sempre podem ser equipadas a partir de um determinado nível do personagem, independente de qual classe foi escolhida. Isto talvez seja um dos pontos fracos do jogo, pois afeta muito o potencial de “replay” do título, já que não há muito incentivo para testar as diferentes possibilidades de escolha de classe para seu personagem.

Ninguém escapa do humor do jogo

A mecânica de Stick of Truth é baseada no clássico estilo de combate em turnos, há inclusive uma ótima piada sobre isso no tutorial do game. O sistema conta com ataques básicos de curto e longo alcance, e também nos permite utilizar magias e habilidades especiais. Engana-se, contudo, quem acha que a escolha por este modo mais tradicional de batalha possa ter deixado o jogo monótono. Além de grande parte dos golpes e magias terem falas e animações hilariantes, cada ataque precisa de alguma interação do jogador para que seja executado com perfeição,como, por exemplo, apertar repetidas vezes um botão ou acertar o momento preciso de clicar no mouse. Esses pequenos minigames ajudam a deixar todo o combate mais dinâmico e imersivo, fazendo com que você não desgrude o olho nem um segundo sequer da tela.

South Park em grande estilo

Independente de o quão correto é o humor de South Park, sua popularidade e sucesso são algo raro de se ver em outros programas de humor do mesmo gênero. Caso você goste de um humor mais “politicamente incorreto”, entretanto, não existem motivos para você não jogar Stick Of Truth. Mesmo que você não tenha acompanhado a série com afinco, o humor e a jogabilidade divertida são mais do que o suficiente para garantir que este é um dos títulos de compra obrigatória para 2014. Agora, caso você seja contra o humor da franquia, talvez seja melhor procurar algum outro RPG.