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Análise: O mundo dos contos de fada nunca mais será o mesmo com os mistérios de The Wolf Among Us (PC)

Cidade de Nova Iorque. A “Grande Maçã”. Uma metrópole gigantesca em que você pode encontrar todos os povos e todas as culturas reunidas. E... (por Unknown em 14/01/2014, via GameBlast)

Cidade de Nova Iorque. A “Grande Maçã”. Uma metrópole gigantesca em que você pode encontrar todos os povos e todas as culturas reunidas. E no meio desse formigueiro humano, existe um bairro especial. Um local que, para qualquer cidadão comum, passaria por um distrito comum, com seus prédios de apartamentos baratos, bares fumacentos, comércio popular e até algumas casas mais ricas. Seja bem-vindo a Fabletown! Um bairro onde os personagens de contos de fada podem viver em segurança e tranquilamente e reconstruir suas vidas e lares. Mas a realidade está bem longe disso e as aparências, de fato, enganam. Envolvendo-se em uma trama cheia de mistérios e descobrindo que os problemas dos habitantes do bairro são mais profundos do que aparentam ser, o Grande Lobo, Bigby Wolf, talvez acabe vendo que nem todas as histórias podem ter um final feliz.

Há algo de podre em Fabletown

Antes de começarmos a falar sobres os principais aspectos do jogo, é importante ressaltar que, até o momento da publicação dessa análise, apenas o primeiro episódio de The Wolf Among Us estava disponível. Mas espera aí, o game é dividido em capítulos? Não é um título com uma história apenas? Não. The Wolf Among Us é dividido em cinco episódios, sendo que os próximos já tém lançamento programado até o inverno desse ano. Da mesma forma que em The Walking Dead, a Telltale Games produz um título que está mais próximo de um seriado do que um game (por sua estrutura narrativa e jogabilidade). Mas que nem por isso deixa de contar uma história incrível que consegue capturar a atenção do jogador desde o primeiro dialógo entre os personagens.
Fabletown e seus personagens tem muito para contar.
Em The Wolf Among Us, o jogador mergulha em um mundo lúgubre, de luzes tênues com um visual estilizado incrível de uma graphic novel. Tanto pela aparência do jogo quanto pela forma como a história se desenvolve, tem-se a nítida impressão de que estamos dentro de uma história em quadrinhos ao estilo policial. E tal acontecimento não é à toa, já que o game foi baseado na famosa série de quadrinhos, Fable (Contos Fabulosos), de Bill Willingham. Com um enredo surreal, o jogador vai para o coração de Nova Iorque, no misterioso bairro Fabletown. Um local que, apesar de parecer comum, não é nada do que aparenta ser. É lá que se encontram e residem a maioria dos personagens de contos de fada que, após serem expulsos de sue próprio mundo (durante o que eles chamam de Exílio), tiveram que se refugiar em nossa realidade. Com o bairro protegido por um feitiço, seus habitantes estão relativamente seguros do mundo exterior.
No coração da casa do Prefeito ficam depositados todos os itens mágicos dos contos de fadas. Além de registros detalhados sobre cada história.
O problema é que, ao contrário dos reinos encantados e das histórias fofinhas, viver no mundo real não é nenhum mar de rosas. Pelo fato de muitos personagens possuírem formas não-humanas, eles precisam comprar um feitiço, chamado Glamour, que mantém sua aparência escondida das pessoas comuns. Mas o Glamour não sai barato e, com muitos personagens despojados de suas riquezas do mundo das histórias, viver escondido é necessário. Para aqueles que não podem pagar pelo Glamour, existe uma outra alternativa, a Fazenda. Uma comunidade afastada da cidade onde eles podem viver seguros. Contudo, os personagens relatam que o local se parece mais com uma prisão do que um lugar de libertação.
Sem dinheiro para comprar Glamour, o Sr. Sapo e seu filho precisam viver escondidos dentro de um apartamento simples.
E é no meio de tantos personagens famosas que se encontra o protagonista dessa história maluca, Bigby Wolf, o grande Lobo Mau das histórias da Chapeuzinho Vermelho e dos Três Porquinhos. Possuindo forma e tentando controlar seus instintos para não se tornar uma fera monstruosa novamente, Bigby é o xerife de Fabletown que garante a ordem e segurança entre os personagens. Rechaçado pela comunidade devido aos seus atos passados no mundo dos contos de fada, Bigby é um sujeito mal-humorado e irritado, sempre com um cigarro na boca e nunca dispensando um copo de bebida. Poucos integrantes do bairro confiam na índole do personagem e muitos até preferiam vê-lo morto.
Bigby Wolf não é exatamente o xerife mais politicamente correto que você já viu. Mas tenta manter a ordem no bairro a sua maneira.
Apesar de tanta falta de amor, Bigby continua fazendo seu serviço, que toma um rumo perigoso e arriscado quando ele decide resolver uma briga entre uma jovem prostituta e o Lenhador, no prédio de apartamentos do Sr. Sapo. A partir daí, coisas estranhas começam a acontecer e o grande Lobo precisa da ajuda de outras personagens, como a gentil Branca de Neve, para resolver um misterioso assassinato que promete abalar as estruturas de Fabletown. E será no meio de suas investigações que Bigby vai olhar mais fundo na vida de cada personagem e de seu próprio mundo e acabar descobrindo que as mentiras ultrapassam em muito os feitiços que protegem o bairro e enganam os humanos.
Vale a pena consultar até o Espelho Mágico em busca de alguma pista para desvendar os mistérios.

“E todos viveram felizes para sempre.” Será?

Para ajudar Bigby a realizar suas investigações, o jogo conta com uma jogabilidade ao estilo point n’ click, onde o jogador vasculha o ambiente em busca de objetos ou pessoas que possam lhe fornecer informações. Além disso, o grande trunfo na aventura se encontra no grau de imersão à narrativa que ela proporciona ao permitir que o jogador tome decisões que irão influenciar completamente o desenvolvimento da história. No entanto, essas oportunidades costumam aparecer poucas vezes durante o gameplay e, em outros momentos, a interação com o jogador permanece restrita, ficando por conta de cutscenes apresentarem o desenrolar da história. Devido à qualidade da narrativa, tais momentos não chegam a atrapalhar consideravelmente a relação jogo-jogador, mas, por vezes, temos a impressão de estar assistindo a um filme policial, e não jogando.
O nível de imersão é grande. Você tem opções para responder e tempo para fazê-lo, além de escolhas mais difíceis de serem realizadas.
É incrível perceber como a Telltale preservou (e até melhorou) a forma de construção da história e da personalidade de seus personagens tão bem como havia feito em The Walking Dead. Aos poucos, o jogador vai se envolvendo com aquele mundo cheio de histórias e consegue quase adentrar a mente de personagens como Bigby ou Branca de Neve (que é assistente do prefeito do bairro, Ichabod Crane, da história do Cavaleiro sem Cabeça). Com uma narrativa que sofre mudanças a todo o tempo e uma história que ganha novos elementos a todo o instante, é impossível não se envolver com o jogo profundamente e partilhar dos sentimentos de cada personagem.
A gentil, mas determinada Branca de Neve e o covarde Ichabod Crane são alguns dos personagens que você encontrará no jogo.
Toda essa atmosfera de imersão é potencializada pelo incrível visual de estilo graphic novel que o game possui. Realizando um trabalho maravilhoso, a direção de arte da Telltale obteve um estilo entre o desenho animado e o filme em um ambiente delineado por tons marcantes e escuros, carregados de emoções conflitantes. O jogo ganhou ares de produção hollywoodiana e certamente podemos esperar mais história para descobrir e outros mistérios para desvendar nos próximos capítulos que serão lançados. Afinal, Bigby precisa terminar seu serviço e saber se, no fim, todos viveram felizes para sempre ou se Fabletown ficará manchada com o sangue de contos de fada.
O visual do game é um jogo de luz e sombra que faz você se sentir dentro de uma história em quadrinhos.

Prós

  • Visual e direção de arte incríveis;
  • História envolvente e personagens complexos.

Contras

  • Poucas decisões a serem tomadas.

The Wolf Among Us - PC - Nota: 8.5
Revisão: Bruno Nominato
Capa: Daniel Machado

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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