Discussão

Uma nova geração de vídeo games é realmente necessária?

Um dos momentos mais aguardados de toda a comunidade gamer está se aproximando. A atual geração de consoles está se despedindo e dará e... (por Unknown em 10/11/2013, via GameBlast)


Um dos momentos mais aguardados de toda a comunidade gamer está se aproximando. A atual geração de consoles está se despedindo e dará espaço a novos consoles e novas experiências em um novo ciclo que deve durar entre seis e oito anos. Com exceção do Wii U, lançado há quase um ano, o Xbox One e o PlayStation 4 darão as caras no mundo dentro de poucos dias. Mas sinto algo diferente, que nunca senti quanto a uma nova geração de consoles e que me faz pensar se ela é realmente necessária para que a indústria continue seu caminho.


O salto das gerações

Novas gerações de consoles sempre foram acompanhadas de grandes novidades que justificassem um novo console em nossas salas. Foi assim há 20 anos e deveria ser assim hoje, afinal, ninguém gostaria que o mercado dos jogos fosse como o de smartphones, em que novos hardwares são lançados a todo o momento. Vamos agora relembrar as contribuições de cada nova geração na indústria dos jogos para ilustrar este movimento.

Quem já jogou Summer Games (Master System) se lembra bem da sensação incrível que o jogo passava
No início dos anos 1990, o Mega Drive e o Super Nintendo surgiram para suceder o NES e o Master System. A diferença gráfica era gritante, e os consoles 16-bit levavam os gráficos bidimensionais a um novo patamar jamais imaginado anteriormente. Além disso, a jogabilidade de ambos representava um grande salto em relação a dos consoles anteriores, com mais botões e mais possibilidades. Os cartuchos com maior espaço de armazenamento possibilitaram jogos mais complexos e duradouros, atraindo muita gente ao mundo dos videogames.

Jogos bidimensionais realmente bonitos só se tornaram possíveis a partir do Mega Drive e do Super Nintendo
Alguns anos depois, os primeiros consoles com gráficos tridimensionais foram lançados. Em um dos saltos mais bruscos entre gerações, o Nintendo 64, o Sega Saturn e o PlayStation foram verdadeiras revoluções na indústria dos jogos. Tivemos que reaprender a jogar e nos acostumar a nos locomovermos livremente pelos universos dos jogos que agora não eram mais simples cenários em duas dimensões, e sim grandes mundos para serem vistos de todos os ângulos e em qualquer direção. Além disso, a introdução dos CDs como mídia fez com que os jogos pudessem ter lindíssimas cenas pré-renderizadas, dublagem de personagens e até mesmo narrativas que se assimilavam a filmes.

Com a aparição de gráficos tridimensionais tivemos que reaprender a jogar videogame
A geração seguinte, do GameCube, PlayStation 2, Xbox e Dreamcast representou um grande salto gráfico em relação à anterior, além de introduzir o conceito de jogos online para os videogames, já que a funcionalidade ainda era exclusiva de jogos de computador. Os gráficos destes consoles aperfeiçoavam absolutamente tudo o que havia sido visto na época do Nintendo 64, e os jogos se tornaram cada vez mais imersivos. Devido à complexidade dos novos jogos, a mídia teve que evoluir mais uma vez, e os DVDs passaram a ser maioria.

Resident Evil 4  (GC/PS2) foi um dos mais belos jogos da geração que pertenceu (e continua lindo)

Por fim temos a geração atual, que trouxe pela primeira vez gráficos em alta definição para os lares de jogadores de todo o mundo. A qualidade é tamanha que mesmo após oito anos de sua estreia ainda nos surpreendemos com a beleza e fluidez dos jogos, que em alguns casos beiram o fotorrealismo. Mas esta geração não foi marcada apenas por gráficos belíssimos, já que a Nintendo inovou com o lançamento do Wii e seus controles de movimento que acabaram se tornando tendência na indústria e acarretou o lançamento de acessórios como o Kinect e o PlayStation Move. Além disso, a internet virou ingrediente chave dos consoles, que contam com robustas lojas online, jogatina com pessoas de todo o mundo e até sistemas de conquistas e troféus que serviam para alavancar a reputação dos jogadores perante a rede dos consoles.

The Last of Us (PS3) se passa facilmente por um jogo da nova geração...
Como se pode perceber, cada geração foi marcada por algum salto ou ruptura que a tornava completamente justificável ao consumidor. As experiências possíveis em novos consoles não eram possíveis em aparelhos anteriores e os jogadores precisavam reaprender o conceito de videogames para poder se adaptar ao novo. Mas e a nova geração que está por vir?

A geração do mais do mesmo

Rede online robusta, gráficos belíssimos, jogabilidade diferenciada. O que a geração que está por vir está trazendo de novo para o mercado? Na minha sincera opinião, quase nada. As redes online dos novos consoles apresentam alguns aprimoramentos em relação à anterior, sendo o maior destaque a reprodução de jogos via stream. Contudo, além disso, nada do que foi apresentado é realmente novo, além de interfaces diferentes e melhores que a dos consoles anteriores.

Nova geração, mesmas experiências
A jogabilidade também parece não ter mudado muito. Com controles extremamente tradicionais, a Sony e a Microsoft apenas tornaram seus controles um pouco mais ergonômicos e funcionais, algo que eles já eram nessa geração. O Wii U ainda está tentando desbravar o mundo dos controles esquisitos com o GamePad, que apesar de ter um grande potencial, ainda não se mostrou completamente justificável. Além disso, o console da Nintendo conta com o Miiverse, rede social para jogadores na qual é possível discutir jogos, compartilhar opiniões e imagens do que há de mais legal no momento. E talvez essa seja a maior novidade em termos de rede online da nova geração: a criação de redes sociais nos consoles. Mas e os jogos, como ficam?

Apesar de muito legais, redes sociais não deveriam ser o foco central de nenhum console
Os jogos, infelizmente, não parecem fazer jus a uma nova geração. Não digo que eles são ruins, muito pelo contrário. São jogos belíssimos e claramente bons que divertirão qualquer pessoa que decidir comprar seus novos consoles perto do lançamento. Por ter tomado rumos diferentes de suas concorrentes, a Nintendo debutou no mundo dos gráficos em alta definição apenas com o Wii U, e o salto é bastante justificável, dado que pela primeira vez estamos jogando clássicos da Big N com gráficos belíssimos e detalhados. Já o Xbox One e o PlayStation 4 apresentam gráficos em alta definição, como os de seus antecessores, mas com alguns detalhes a mais.



Aficionados por gráficos praguejarão toda a minha família com o que vou dizer mas é realmente necessário desembolsar uma alta quantia em um novo console apenas para ver sombras mais definidas e luzes mais realistas? O que quero dizer é que os jogos iniciais dos novos consoles da Microsoft e da Sony apresentam gráficos superiores ao dos consoles atuais, mas não tão superiores a ponto de ser justificável a compra de novos aparelhos. De uns dias para cá, a mídia vem liberando comparações de jogos de transição, ou seja, aqueles que serão lançados para a geração atual e a nova, e eu não poderia estar mais decepcionado. Tirando alguns efeitos aqui ou ali, tudo é extremamente parecido com o que temos hoje e todas as experiências são possíveis nos consoles atuais.



Em minha visita à BGS tive a oportunidade de testar jogos ditos de nova geração, como Driveclub (PS4), Knack (PS4) e até mesmo o esperadíssimo Killzone: Shadow Fall (PS4) e o sentimento de decepção tomou conta a todo o momento. Driveclub, por exemplo, é um jogo de corrida com interações sociais que promete gráficos ultrarrealistas, contudo, Gran Turismo 6 (PS3) também estava por lá e apresentava gráficos tão belos quanto os do jogo para o PlayStation 4. Beyond: Two Souls, também para PlayStation 3, apresentava gráficos melhores que os de Knack e Killzone, apesar de belo, não mostrava algum salto gigantesco em relação aos já lindíssimos jogos do console atual da Sony. Os multiplataformas eram ainda piores. Com gráficos levemente melhores do que as versões atuais, os jogos não impressionavam nada e fizeram com que este redator que lhes escreve desistisse definitivamente de um novo console, pelo menos nesse inicio de geração.

Precisamos mesmo de jogos mais realistas?
Mesmo assim, o elemento central dos videogames é a jogabilidade. E o que esta geração trará de novo? Até agora nada também. Toda a experiência de jogabilidade proporcionada nos consoles atuais foi reproduzida para os consoles de próxima geração com gráficos um pouco melhores. Knack é um exemplo perfeito de como os jogos não evoluíram em quase nada nesta transição, já que o título é basicamente uma experiência de aventura e plataforma em que o personagem deve se deslocar por cenários completamente lineares enfrentando um inimigo aqui ou ali e resolvendo quebra-cabeças muito simples. E não me venham dizer que o fato de ele perder peças e encolher quando leva uma pancada é algo inovador, já que certo encanador passa por isso há mais de 25 anos.

Corredores, corredores, inimigos, corredores. Pelo menos é bonitinho
Com tudo isso eu lhes pergunto: onde está a justificativa para o lançamento de novos consoles? Onde está a ruptura ou grande inovação que durante anos motivou a criação de novos aparelhos para nossas salas? Deixem o fanatismo e a empolgação de lado e pensem bem nessa questão e talvez vocês percebam que não há real razão além do próprio movimento quase mandatório da indústria.

O caso Wii U

O Wii U é uma exceção a este pensamento. Como já disse, o console é o primeiro da Nintendo a possuir gráficos em alta definição além de uma rede online robusta. O aparelho ainda conta com um controle diferente que poderá proporcionar experiências únicas aos jogadores. Contudo, até agora o console não mostrou muito a que veio, mas ao meu ver, é o único que se justifica como console de nova geração, dado o salto dado em relação ao Wii. Ainda assim, não digo que o Wii U é o melhor dentre os três. Só estou afirmando que ele é o único que dá um grande salto em relação ao seu antecessor, o que é algo que a Nintendo deveria ter feito na época do GameCube e não fez. Este é apenas um salto atrasado.

A Nintendo finalmente está recuperando o atraso com jogos em alta definição

Geração desnecessária?

Muito cedo para dizer. Em toda geração vemos os jogos iniciais sofrerem criticas pesadas, já que as desenvolvedoras ainda estão se acostumando com a arquitetura dos novos consoles e tentando desenvolver jogos que realmente valham a pena. Certamente dentro de um ano ou um pouco mais começaremos a ver jogos que realmente se distanciem mais da geração atual e tornem os novos consoles mais atrativos. Devido à gradual diminuição de jogos lançados para os consoles atuais em prol dos novos aparelhos, é certo também que a nova geração fará sucesso e marcará presença nas casas de gamers de todo o mundo, o que é muito bom e dará andamento ao mercado que tanto amamos (eu mesmo pretendo adquirir os consoles no futuro).

Se a Square Enix não estiver mentindo novamente, podemos esperar por um lindo novo Final Fantasy
A única coisa que tenho certeza é que as primeiras impressões que tive da nova geração não me empolgaram em absolutamente nada e, pela primeira vez em toda a minha vida de jogador, não me sinto tão empolgado com uma nova geração de consoles de mesa, pois não estou conseguindo encontrar alguma mudança de paradigma que a justifique. E enquanto não a encontro, vou continuar me divertindo com os incríveis e belíssimos jogos da geração atual e do Wii U, seja lá onde este se enquadre.

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Sybellyus Paiva

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


  1. Na minha concepção o ultimo pulo tecnológico foi dado com o surgimento N64, PS e Saturno. Depois disso só pude ver aumeto grafico e não algo diferente. Quanto ao controle de movimento, isso foi falho, não perpetuou de maneira perfeita ou seria algo amplamente usado.

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  2. Na minha concepção o ultimo pulo tecnológico foi dado com o surgimento N64, PS e Saturno. Depois disso só pude ver aumeto grafico e não algo diferente. Quanto ao controle de movimento, isso foi falho, não perpetuou de maneira perfeita ou seria algo amplamente usado.

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  3. junior, os controles de movimento não só perpetuou, como foi os precursores do sucesso da nintendo nessa geração, e ainda demonstrando pra sony e microsoft a tendencia do mercado, onde nasceu o kinect e move.

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  4. Quando digo não perpetuou, quero dizer que não foi trocado uma tecnologia por outra.

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  5. acho q os comentários tanto do yuri quanto do jjunior são coerentes! tbm acho q a geração 128 por mais q ame, para mim ela nao revolucionou tanto assim! já essa geração atual, com a inclusão dos controles de movimento, a melhora significativa em questão de novas franquias, fez com q na minha opinião fosse a mais brilhante de todas as geraçoes,fato! mas não tirando o brilhantismo e peculiaridade q as geraçoes passadas tiveram, e q diretamente são responsáveis pelas maiores e melhores franquias de todos os tempos! nessa próxima geração se tivesse q arriscar um vencedor: iria de xone, mas particularmente, prefiro q seja a nintendo!

    ps: agora publiquei no face e nas contas google! estava com saudades de comentar aqui, minha origem está nas contas google! kkkkkkkkkkkkkk nostalgia...

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  6. Concordo com tudo que o Gabriel disse também, inclusive vivendo numa família gamer como a minha esse tema foi discutido com meu marido um dia desses e chegamos a mesma conclusão, por isso decidimos dar uma change ao wii u que acabamos de comprar e estamos empolgados mas nada se compara com a sensação de ter visto o mario em 3d pela primeira vez no 64. O wii u tem essa interação online entre fãs da mesma coisa no próprio console é legal mas realmente é só um face no console. Já o controle achei mais legal a parte dele poder virar uma tv portatil é realmente muito útil pra uma família gamer como a minha que sempre ta precisando de mais uma tv. Enfim acho que os consoles da sony e microsoft só valeram o dinheiro investido daqui a 1 ano ou mais quando tiverem mais jogos que realmente mostrem o poder dessa nova geração.

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  7. o lance é o seguinte. ps4 e x one realmente é mais do mesmo. a Nintendo sempre quer fazer diferente. mas como já disse isso aqui varias x, as pessoas não querem novidades, querem call of duty novo todo ano, fifa todo ano, AC todo ano. enfim. basta colocar um particula a mais de poeira, um balançar de um cabelo, um plástico se mexendo, pronto, virou game do ano. o JOGO DA MINHA VIDA. não há novidades nem em jogos e nem nos consoles e quando há ainda são cirticados pelos "especialistas" vide nota pra GTA V (q é a mesma coisa a séculos) e Beyond Two Souls (q não é um jogo tradicional)

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  8. dizer que gta 5 é a mesma coisa: é o mesmo que dizer: eu não entendo nada de games, por isso farei um comentário sem nenhuma culpa, fato! desculpe, mas não tem como enxergar discernimento nisso não!

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