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Análise: Vamos descobrir que o mundo pode ser muito mais além do que duas dimensões nas aventuras de FEZ (PC)

O mundo vive e respira a sua volta. Você pode caminhar, pular, correr e observar tudo que sua vista é capaz de alcançar. Mas e se você p... (por Unknown em 15/11/2013, via GameBlast)

O mundo vive e respira a sua volta. Você pode caminhar, pular, correr e observar tudo que sua vista é capaz de alcançar. Mas e se você pudesse ver além? E se fosse capaz de vislumbrar uma perspectiva do universo que você nunca imaginou que seria possível? Tudo bem, você até pode sonhar com tal realidade, mas nunca esperaria que tal capacidade lhe seria dada apenas usando um simples chapeuzinho vermelho, não é mesmo? Certamente, Gomez, o singelo protagonista de FEZ também não esperava por isso. E é com essa nova visão de mundo que ele precisa se aventurar por cantos desconhecidos de sua própria realidade em busca de fragmentos mágicos que podem impedir que o universo inteiro se quebre como um vaso de cristal.

Não é apenas um chapéu bonitinho

Produzido pelos desenvolvedores da Polytron Corporation e depois de muitos atrasos e demora, FEZ foi lançado em 2012 para o Xbox 360, sendo disponibilizado para PC, Mac e Linux no começo de 2013. A mente responsável pela obra eletrônica é Phil Fish, um jovem criativo que, apesar de ter tido a ideia inicial do jogo em 2007, demorou 6 anos para o lançar, devido a problemas judiciais e de desenvolvimento do projeto. São vários os detalhes e histórias que cercam os bastidores da produção do jogo e alguns deles podem ser conferidos no documentário especial Indie Game: The Movie. Seria bom dizer que essa história tão repleta de problemas teve um final feliz, mas apesar do sucesso de FEZ, no começo desse ano, Phil Fish cancelou a produção da sequência do jogo, alegando excesso de pressão da impresa e dos fãs e se retirou do mundo dos games.
Um mundo simples, mas somente por um ângulo.
Apesar de tantas complicações e adiamentos, enfim o mundo pode conhecer a história do simpático Gomez, uma criaturinha branca que vive em um belo e pacífico mundo de duas dimensões. Tudo parece tranquilo e simples na vida do pequenino até o dia em que ele encontra um artefato misterioso, o Hexahedron. Ao se aproximar dele, ele recebe um chapeuzinho mágico, o FEZ (que dá nome ao jogo e é um popular acessório entre o povo muçulmano). Com ele, Gomez é capaz de alterar as dimensões, expandindo as perspectivas do mundo e do universo. O problema é que mal nosso herói começa a brincar com seu novo look e o Hexahedron se racha e explode em vários pedaços. Em um instante, o jogo tranca e se reinicia (com direito a tela de inicialização do computador) e Gomez é despertado por um pequeno hipercubo flutuante que, no melhor estilo Navi aconselha o novo herói que ele precisa explorar o mundo e recuperar os fragmentos do Hexahedron, antes que o universo se quebre e seja destruído.
Um poliedro gigante? Não! É o mágico Hexahedron!
Dessa forma, com sua nova habilidade de manipular dimensões, Gomez parte para diferentes lugares de seu mundo em busca dos fragmentos. Através de um simples clique do mouse, o jogador pode auxiliar o protagonista, alterando a perspectiva do cenário e resolvendo puzzles simples ou complexos para reaver os fragmentos. São muitos mundos com diferentes formas e características a serem exploradas, afinal Gomez terá que encontrar 32 fragmentos para cumprir seu objetivo e salvar o universo. No entanto, apenas rotacionar a tela não será suficiente, pois Gomez precisará pular e correr para chegar em certos pontos. Felizmente, caso nosso herói caia em algum abismo ou sofra uma queda grande, ele sempre terá uma disposição infinita para retomar seu progresso.
O mundo é um lugar bem mais amplo do que podemos perceber.
Os mundos que Gomez visita tem formas estranhas, apesar de possuírem elementos bem conhecidos como árvores, plantas, pássaros, casas e até um farol. Os cenários se localizam sobre ilhas flutuantes ou sobre o mar e os fragmentos podem ser encontrados nos lugares mais inusitados, como dentro de um buraco ou como na casa de alguma pessoa. O jogo possui um aspecto totalmente pixelado, no entanto, o cuidado do detalhamento gráfico é tão grande e robusto que esse aspecto pode até passar despercebido durante o gameplay. Além disso, uma música com tons de melodias da época dos 16-bits toca constantemente ao fundo, acompanhando cada passo do herói nesses mundos que ele agora pode ver sob um ponto de vista completamente diferente.
Vale a pena apreciar cada detalhe dos cenários.

Viajando para além do que os olhos podem ver

FEZ poderia muito bem se passar por apenas mais um puzzle ao estilo plataforma com o único diferencial de permitir ao jogador explorar mais dimensões além das que o gênero normalmente oferece. Mas as características sutis da obra permitem que ela fuja desse estigma, sem ficar presa a padrões. O visual simples, mas ao mesmo tempo lindamente trabalhado e colorido compõe um dos aspectos mais belos do título. Os puzzles são construídos precisamente de forma a permitir uma exploração completa dos mundos que Gomez visita, possibilitando vislumbrar cada pedacinho do cenário, e tudo isso apenas girando o mundo em 90 graus a cada clique.
Um visual que impressiona por sua simplicidade e beleza.
Tudo em FEZ é modesto mas moldado, criado e trabalhado com extremo cuidado e refinamento, Desde a pacata vila onde Gomez começa sua jornada até o imenso grafo do universo que mostra cada nodo representando um mundo que o protagonista visitou. Com tantos detalhes a serem explorados, uma recomendação é que o jogador não tente resolver os puzzles e obter os fragmentos o mais rápido possível. Tudo bem que o universo está se despedaçando, mas não precisa ter pressa. Aproveite para observar cada pedaço dos mundos de Gomez e perceber que graças a um simples chapeuzinho sua realidade ganhou outro visual e foi completamente transformada.
Vários mundos, infinitas possibilidades.

Prós

  • Belo visual;
  • Puzzles bem trabalhados;
  • Jogabilidade fluída.

Contras

  • Falta de elementos para interagir nos cenários.

FEZ  - PC - Nota: 9.0
Revisão: Marcos Silveira
Capa: Felipe Araujo


Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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