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Análise: Explore calabouços e tente sobreviver aos perigos brutais de Deep Dungeons of Doom (iOS/Android)

Mecânicas simples nem sempre significam que um jogo é fácil. Deep Dungeons of Doom é um claro exemplo deste conceito. O jogo apresenta jo... (por Farley Santos em 06/11/2013, via GameBlast)

Mecânicas simples nem sempre significam que um jogo é fácil. Deep Dungeons of Doom é um claro exemplo deste conceito. O jogo apresenta jogabilidade descomplicada, mas não se deixe enganar: para superar os terríveis desafios dos calabouços, o jogador vai sofrer e morrer e morrer e tentar de novo. Trabalho conjunto dos estúdios Miniboss e Bossa Studios, ambos fundados por brasileiros, Deep Dungeons of Doom apareceu primeiro no console Ouya, sendo lançado depois para iOS e outras plataformas Android.

Livrando o mundo do caos

O mundo dos humanos está em crise: uma miríade de demônios e monstros surgiu, espalhando destruição e morte. Ninguém sabe ao certo de onde as criaturas surgiram, as poucas pessoas restantes vivem escondidas e com medo. Um rei chamado Olavus cansou dessa situação e fez um apelo a todos seus cavaleiros: “Descubram e destruam a origem desse mal”. Um nobre cavaleiro sem nome decide atender o pedido do rei e parte em uma jornada a fim de salvar o reino. Durante suas viagens, ele conhece uma bela bruxa e um misterioso mercenário, que passam a acompanhá-lo, cada qual com seu próprio objetivo. Juntos eles exploram inúmeros calabouços à procura da origem do mal.

Explorando calabouços implacáveis

Deep Dungeons of Doom é um RPG de ação com conceito muito simples, mas difícil de dominar. O objetivo é adentrar e sobreviver aos inúmeros perigos de vários calabouços. Cada sala é guardada por um inimigo e, para avançar, o monstro precisa ser derrotado. Itens, equipamentos e dinheiro são as recompensas por explorar locais tão perigosos. Tocar o lado direito da tela faz com que o personagem desfira um ataque, enquanto o lado esquerdo ativa a defesa. As duas ações têm tempo de recarga, logo não é possível executar repetidamente os movimentos. Itens como poções e relíquias podem ser utilizados ao tocar o ícone correspondente.

A mecânica de batalha possui um aspecto rítmico: após desferir um golpe, o ícone de ataque se preenche lentamente, piscando na cor branca ao chegar ao fim. Caso o jogador execute a ação durante o momento em que o ícone estiver branco, o personagem executa um combo e o próximo ataque demorará menos tempo para recarregar, e assim sucessivamente. Prestar atenção ao ritmo e coordenar os ataques traz grande vantagem nas batalhas.

Para sobreviver, é importante observar o movimento dos inimigos. Por meio de dicas visuais, é possível saber quando o oponente vai desferir um ataque ou quando ele vai abrir a guarda. E acredite, a observação é fator essencial em Deep Dungeons of Doom. Devido a sua alta dificuldade, atacar sem pensar é sinônimo de derrota. Morrer é algo que acontece com frequência nos calabouços. Sabe aquela espada poderosa que você pegou alguns andares atrás? Ela fica para trás ao morrer.

Um trio de heróis

Três classes diferentes estão disponíveis para explorar os calabouços, cada um com suas particularidades. O cavaleiro é o mais equilibrado dos três, com defesa, ataque e agilidade no mesmo patamar. A bruxa consegue desferir um poderoso feitiço de fogo ao gastar pontos de magia, porém não resiste bem às investidas inimigas por conta de sua baixa defesa. Já o mercenário é o mais rápido do trio e consegue desferir ataques rapidamente, contudo, possui golpes fracos. Cada personagem conta também com um movimento especial, ativado ao segurar o ícone de ataque: o cavaleiro recupera sua energia, a bruxa recarrega seus pontos de magia e o mercenário carrega um ataque crítico. Estes movimentos devem ser utilizados com cuidado, pois os heróis ficam completamente vulneráveis ao executá-los. Por conta das diferenças entre si, alguns heróis são mais recomendados para certos estágios. Convém ao jogador experimentar qual personagem funciona melhor em cada calabouço.

Curiosamente, os personagens de Deep Dungeons of Doom não adquirem experiência e não aumentam de nível. Durante as fases, é possível receber um bônus que aumenta alguma das características do personagem, mas as melhorias somem ao completar o estágio. Neste contexto, existem duas maneiras de fortalecer os heróis: equipamentos e habilidades. Armas, armaduras e outros apetrechos podem ser encontrados nos calabouços ou comprados em uma loja. Eles melhoram características do personagem e alguns, mais raros, conferem outras vantagens, como regeneração de energia e maior taxa de ataque crítico. Já as habilidades são permanentes e só podem ser adquiridas em um altar localizado no mapa. São inúmeras as melhorias e várias outras somente são desbloqueadas conforme o grupo avança na aventura. Mas não pense que fortalecer os heróis é barato: tudo é muito caro e você precisará de uma grande quantidade de moedas para comprar as melhorias.

Morrendo, morrendo e morrendo

Ser derrotado é algo que vai acontecer muito em Deep Dungeons of Doom. Os primeiros estágios são até simples, mas rapidamente tudo fica bem complicado. Inimigos poderosos, com padrões de ataques difíceis, aparecem em abundância. Os calabouços ficam mais longos e mais implacáveis. E para piorar, a evolução dos protagonistas é lenta por conta do alto custo das melhorias e equipamentos. A única solução é repetir inúmeras vezes as fases mais fáceis — atividade também conhecida como grinding ou grind— para conseguir dinheiro e assim comprar as habilidades. A proposta do jogo é justamente ser difícil, mas essa necessidade de grinding excessivo torna a aventura um pouco cansativa, pois a jogabilidade não apresenta novidades além da mecânica básica. Quem não tiver muita paciência poderá comprar moedas com dinheiro real por meio de um menu dentro do jogo. Outro detalhe importante: os primeiros estágios são grátis, mas é necessário pagar para poder acessar os calabouços mais avançados.

Retrô belo

O visual de Deep Dungeons of Doom casa perfeitamente com a proposta de alta dificuldade dos jogos da era 8-bits. Os personagens e cenários são construídos no estilo pixel art, remetendo aos títulos do passado. Inimigos e heróis são bem detalhados e contam com animação fluída e única, o que gera um resultado muito agradável até mesmo nos aparelhos mais modestos. A música não segue o estilo retrô, mas nem por isso deixa de ter qualidade: as composições são variadas e combinam perfeitamente com a ação.

Uma jornada para poucos

Deep Dungeons of Doom conquista facilmente o jogador com sua jogabilidade simples e seu belo visual. Mas a aventura não é para todos: os calabouços são bem desafiantes e exigem paciência e insistência para serem dominados. O título apresenta também um bom grau de customização de heróis e mecânicas adicionais construídas em cima dos conceitos básicos. Os únicos defeitos se estabelecem na necessidade de repetir inúmeras vezes os estágios anteriores, em busca de dinheiro, e a ausência de novidades nas mecânicas durante o avanço da campanha. Para você que gosta de um bom desafio, Deep Dungeons of Doom é uma ótima escolha.

Arte: Rafael Lam

Prós

  • Bela direção de arte retrô em pixel art;
  • Jogabilidade simples, mas desafiante;
  • Três personagens com inúmeras habilidades;
  • Música agradável.

Contras

  • Jogabilidade não apresenta novidades durante a aventura;
  • Grande necessidade de jogar novamente estágios iniciais.
Deep Dungeons of Doom — iOS/Android — Nota: 8.0
Revisão: Jaime Ninice
Capa: Douglas Fernandes

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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