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Análise: A fórmula secreta por trás do sucesso de Candy Crush Saga

Candy Crush Saga é daqueles joguinhos chamados "casuais" que muitos gamers preferem passar longe. Outros se apaixonam escondido... (por Amèlie Poulain em 16/10/2013, via GameBlast)


Candy Crush Saga é daqueles joguinhos chamados "casuais" que muitos gamers preferem passar longe. Outros se apaixonam escondido, alguns dizem "ah, jogo só na fila do banco" e têm os que acham normal gostar e não sentem vergonha, mesmo sabendo do desprezo vindo dos que se consideram "sérios".

O jogo possui atualmente incríveis 130 milhões de usuários. É considerado um fenômeno, claro. Dentre tantos apps para se escolher no Facebook, Google Play e App Store, por que as pessoas jogam tanto Candy Crush Saga? Não é muito fácil responder isso, mas temos algumas pistas.

Clássico com algo a mais


Então Candy Crush Saga deve ser completamente inovador, certo? É por isso que todos estão se entregando a esse universo? Não. Candy Crush Saga é a versão melhorada de Candy Crush, um jogo mais simples para browser, também gratuito. A estrutura básica de Candy Crush vem do seu tataravô, o Bejeweled, por sua vez influenciado pelo Shariki, um jogo russo bem antigo e obscuro. Uma tela quadriculada onde cada espaço é preenchido por um item de cor diferente. Mudamos os itens de lugar para formar linhas com três elementos da mesma cor e eles somem, nos dando pontos. Em Bejeweled eram joias, em Candy Crush são doces. Antes de Candy Crush muitos outros já se inspiraram nesse modelo. Temos desde jogos grandes no PC até os mais básicos para celulares que precederam os smartphones.

Que tal esse predecessor do Candy Crush?

Uma vantagem de Candy Crush Saga é que ele é extremamente polido e bem finalizado. Enquanto muitos games casuais menores estão cheios de bugs incômodos ou com aquela cara de projeto entregue antes de acabar, Candy Crush Saga é impecável. São centenas de fases (centenas mesmo, quase mil e em constante expansão), divididas entre grupos de 15 com episódios distintos. Ao longo do tempo novos elementos são adicionados, como boosters, facilitadores e dificultadores. Além de simplesmente alinharmos três doces da mesma cor até conseguir a pontuação x, são implementadas diversas mecânicas no decorrer do game.

Boosters de jogo: Se conseguir uma linha de quatro doces da mesma cor surge a bala listrada que elimina uma linha horizontal ou vertical inteira. Se unir os doces em forma de cruz o booster é uma bala dentro do pacotinho e pode eliminar um quadrado de 3x3 peças ao redor. Formando uma linha de cinco doces da mesma cor surge o bolinho que, ligado a qualquer peça vai eliminar todos os doces daquela cor. Estes boosters podem ser ganhos dentro da fase, ou comprados.

Combo Boosters: Unindo um bolinho com qualquer outro booster transforma todas as balas daquela cor no booster selecionado, causando a explosão de vários docinhos na cena. Dois bolinhos renovam todos os docinhos da tela e uma bala listrada com outra embrulhada cria uma mega bala que elimina três linhas horizontais e três verticais. Bem cool.

Alguns dos dificultadores: Gelatina mais dura deixa um quadrado da tela inutilizável, até você explodir docinhos ao lado dele. Há pedras presas por um x que podem ser explodidas e assim liberadas, mas não saem do lugar. Chocolates comem o espaço onde havia um docinho e, se não forem destruídos igual a gelatina, aumentam de tamanho a cada jogada.

Estourando balinhas, estourando balinhas...

Objetivos: Em Candy Crush Saga cada fase pode ter uma das três metas. Na primeira, a mais comum, devemos eliminar toda a gelatina em um número x de jogadas. A segunda é conseguir uma certa pontuação com limite de tempo. A terceira envolve peças especiais, que são os ingredientes, e não podem ser eliminados através de combinações. Eles devem ser levados até a parte de baixo da tela para concluir a fase.

Estes são apenas alguns dos incontáveis elementos que transformam o simples jogo de juntar peças da mesma cor numa coisa mais desafiadora e complexa.

Projetado psicologicamente para te viciar


Sim, ele é bonito e bem-feito, tem uma estrutura interessante, mas será que isso é tudo? O ingrediente secreto para o vício em Candy Crush Saga está no fato dele estimular o jogador a não querer parar e achar o game mais legal do que ele realmente é.

Uma das formas de monetizar o jogo é limitar as vidas a, no máximo, cinco. Se elas acabarem podem ser compradas de novo a cada necessidade. Outra opção é pedir que algum amigo entre no jogo, logado ao Facebook, e mande uma vida. Pra quem não quer fazer essas duas coisas, o que resta? Esperar um cooldown até as vidas surgirem de novo.

Não se preocupe! Em menos de três horas você pode jogar de novo.

Além de fazer os desenvolvedores ganharem dinheiro com compras de vidas esse sistema tem um poder psicológico ainda maior. Quando precisamos esperar alguma coisa damos mais valor, ou pagamos por ela. Nesse sentido, aquela fase vai sempre parecer muito mais interessante do que é de verdade. Se pagarmos por um booster a mais então, é como se tivéssemos "nos esforçado muito".

A questão é meio complexa. Seria mais honrado cobrar um preço determinado pelo game inteiro sem manipular o jogador? Candy Crush Saga teria alcançado tanto status se não usasse essa artimanha? Talvez ele fosse apenas mais um jogo, como seu predecessor.

Prós:


  •  Jogo bem finalizado
  •  Estrutura simples, que vai ganhando complexidade

Contras:


  •  Usa psicologia para manipular o jogador

Candy Crush Saga - Android/IOS/Facebook - Nota Final: 8

Revisão: Bruna Lima
Capa: Felipe Araújo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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