Jogamos

Pegue sua lanterna e sinta sua espinha gelar em Slender: The Arrival (PC)

Durante o último ano, a lenda do Slenderman (ou “homem esguio”) se difundiu bastante na web. Tal fama é justificada, pois a cri... (por Gabriel Gonçalves em 07/09/2013, via GameBlast)


Durante o último ano, a lenda do Slenderman (ou “homem esguio”) se difundiu bastante na web. Tal fama é justificada, pois a criatura já estrelou inúmeras creepypastas ,séries no Youtube, programas de televisão, e, é claro, jogos.


Talvez o game que realmente popularizou Slendy pelo mundo foi o gratuito Slender: The Eight Pages (PC), um indie produzido pela pequena Parsec Productions, comandada por Mark Hadley. A popularidade do jogo foi tanta que não demorou muito para outros programadores apostarem no modelo, que envolve coletar 8 páginas enquanto se tenta escapar da maligna entidade. Simples e assustador, The Eight Pages ganhou o mundo.

Apesar de jogos do homem esguio não faltarem por aí, o fato é que muita gente esperou pelo lançamento de The Arrival. O jogo não só seria desenvolvido pela mesma equipe do jogo original, em parceria com a Blue Isle Studios, mas também prometia um novo gameplay, um enredo de verdade, melhorias técnicas... enfim, uma evolução em relação ao primeiro jogo. Mas será mesmo que Slender: The Arrival cumpre o que promete?

Uma história de terror

A principal diferença entre The Eight Pages e The Arrival é que o último conta com um enredo ao decorrer da jogatina. Certamente é uma mudança ótima, afinal, qual é o sentido de entrar em uma floresta sozinho no meio da noite com apenas uma lanterna? Para melhorar ainda mais, as mentes por trás do roteiro são as mesmas cabeças que criaram a websérie Marble Hornets que, seguindo um modelo parecido com o filme A Bruxa de Blair, relata o caso de um estudante que está sendo perseguido pelo Slenderman.

No jogo assumimos o papel de Lauren, uma jovem que vai visitar Kate, sua amiga de infância, que vive em uma casa perto da floresta. A moça, no entanto, não encontra ninguém na residência. De repente, ouve-se um grito vindo da mata. Pensando se tratar de Kate, Lauren entra no bosque. Mas o que ela encontra definitivamente não é sua amiga...

"Pela estrada afora, eu vou, bem sozinha..."
A atmosfera do game é bem tensa, oscilando entre o medo e o pânico. Slenderman agora é mais ardiloso do que nunca: ele pode aparecer a qualquer momento. Às vezes ele pode seguir o jogador à distância. Outras vezes pode ficar logo atrás dele. E ele ainda pode aparecer logo em frente do personagem, momentos que sempre rendem bons sustos.

Como adição, o enredo do jogo é bom e apresenta vários momentos interessantes. Porém, o modo como ele é contado poderia ser melhor. Para entender a história plenamente, é necessário ler todos os documentos e prestar atenção aos mínimos detalhes. Algo semelhante é feito pela Fricitonal Games em Amnesia: The Dark Descent (PC), mas a diferença é que nesse último são utilizados cutscenes e flashbacks em conjunto com os textos, o que ajuda a deixá-lo mais dinâmico. No jogo do Slenderman, a falta de outros recursos em vez de apenas documentos e placas acaba empobrecendo um pouco a obra. Afinal, não é todo mundo que se dá o trabalho de ler tudo minuciosamente. 

Situações diferentes com objetivos iguais 

Infelizmente, a maior virtude de The Arrival é feita pela metade. Realmente, o game procura ser variado na questão de ambientes e situações que o personagem vive. Uma das fases mais assustadoras, por exemplo, é quando não apenas Slenderman está no seu encalço, como também você é alvo de pequenos demônios chamados Proxys, os supostos ajudantes do monstro. A diferença é que os Proxys não irão matá-lo imediatamente, mas podem deixá-lo mais vulnerável ao homem esguio.

Diga "oi" ao seu novo amigo!
Apesar de algumas situações inusitadas, essas pequenas variações não ocorrem nos objetivos. São iguais: chegue a tal lugar e colete “x” páginas, ative “n” geradores, feche “z” janelas e por aí vai... tudo envolve conseguir uma certa quantidade de itens. Não há estratégia, não há puzzles. Apenas siga em frente, exatamente como em The Eight Pages. O game apenas não fica cansativo demais pois, quando tudo está começando a enjoar, ele acaba. Realmente, não é nenhuma surpresa finalizar o jogo em no máximo 4 horas, morrendo 2 ou 3 vezes durante o gameplay inteiro.
              
Falando em mortes, a dificuldade é outro ponto que deve ser levado em conta. The Eight Pages era dificílimo pois, além do Slenderman ficar mais rápido a cada página coletada, sua lanterna também ia enfraquecendo. Contrastando, The Arrival é um pouco mais fácil. Hadley e sua equipe foram generosos ao permitir que a lanterna não enfraquecesse e também deram à personagem mais resistência para correr (inclusive em momentos de pânico ela correrá mais rápido que o normal). Isso não significa que o game seja algo tranquilo: apesar de um pouco mais facilitado, ainda apresenta um bom nível de desafio. 

Sinta o medo 

Um ponto muito forte do jogo é o áudio. É verdade: muitos dos simples efeitos de estática e suspense de The Eight Pages foram reutilizados aqui, mas com novidades. É interessante ouvir os diferentes efeitos sonoros da câmera, que mudam conforme o inimigo se aproxima. Um ponto legal também é quando ouvimos a respiração ofegante de Lauren quando ela corre muito ou até seus gemidos de medo após seus encontros com Slenderman. A trilha do jogo também é muito bem composta e reflete perfeitamente o sentimento do momento: desde calma até o pânico.

Os gráficos também cumprem o seu papel, sendo particularmente uma imensa evolução em relação ao jogo original gratuito. Uma engine mais avançada foi utilizada, deixando o desenho do jogo mais suave e realista. No entanto, vale ressaltar que o gráfico não é perfeito. O serrilhado é bastante perceptível em algumas partes e bugs gráficos não são lá muito raros. 

Melhorou, mas nem tanto assim

Slender: The Arrival é bem melhor que o jogo original. Não só pelo fato de gráficos e som estarem mais desenvolvidos: a ambientação de terror psicológico melhorada e a adição de uma história ao gameplay realmente são importantes. No entanto, a dinâmica do game é variável. Quando ousa fazer algo diferente, ele brilha, mas muitas vezes seus repetitivos objetivos dão a sensação de se estar jogando uma versão melhorada de The Eight Pages do que de fato um jogo novo.

No fim, o game custa $10 (cerca de R$20). Se você é fã do nosso querido Slendy, pode comprar o game sem medo, pois ele cumpre seu papel de assustar. Mas se você está procurando por uma experiência completa com um jogo de terror indie, pode dar uma olhada em outros jogos como Penumbra e Amnesia: The Dark Descent, que têm mais a oferecer em questão de gameplay, além de boas histórias. 

Prós: 

- Atmosfera tensa e assustadora, com direito a bons sustos;
- Enredo interessante;
- Gráficos que cumprem o papel;
- Qualidade sonora incrível. 

Contras: 

- Missões repetitivas;
- Curta duração;
- Alguns bugs gráficos que podem incomodar um pouco;
- Não há uso de outros recursos para explicar o enredo que não sejam textos;

Slender: The Arrival – PC – Nota: 7,0

Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Stefano Genachi 

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google